
Que fique claro: não há o que comemorar nas mais de cem mortes resultantes da megaoperação das polícias cariocas no Complexo do Alemão e da Penha. Nenhuma morte é motivo de celebração.
Mas há, sim, motivo para reconhecer o trabalho policial. Foram mais de oitenta criminosos presos, setenta fuzis apreendidos e uma quantidade absurda de munições retiradas de circulação. Isso não se consegue de gabinete, nem com discursos.
Consegue-se subindo o morro, enfrentando o perigo de frente, arriscando a própria vida, sem saber se haverá volta pra casa.
E é aí que mora a contradição. Muitos condenam a ação policial, mas não condenam os que empunham fuzis e espalham o terror nas comunidades. Há uma inversão moral perversa: o Estado, quando reage, é chamado de violento; o bandido, quando é confrontado, é chamado de vítima.
São criminosos, sim. São homens armados, perigosos, que matam inocentes e dominam territórios pelo medo. Ainda assim, há quem insista em relativizar. Como uma minoria consegue não enxergar o óbvio?
Os corpos estendidos na praça têm mães e parentes e essas mães têm todos os motivos pra chorar a dor da perda. Mas há também milhares de outros jovens, criados nas mesmas comunidades, enfrentando as mesmas dificuldades, que escolheram caminhos diferentes: trabalham, estudam, lutam, acreditam num futuro melhor.
Esses, porém, não ganham manchetes, não recebem homenagens, não são lembrados. São os heróis anônimos do morro , os que vencem sem violência, os que resistem sem fuzis.
Enquanto parte da sociedade seguir tratando o criminoso como vítima e o policial como vilão, o país continuará refém da hipocrisia e do medo.
E quem paga essa conta é sempre o mesmo: o cidadão de bem, aquele que só quer viver em paz.
Fonte: Ronaldo Cunha Lima Filho
Créditos: Polêmica Paraíba
O post Heróis Anônimos e o Silêncio dos Críticos – Por Ronaldo Cunha Lima Filho apareceu primeiro em Polêmica Paraíba.

