Faltando oito dias para as eleições gerais, os candidatos à Presidência da República, Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mergulharam na busca pelo voto religioso e no debate sobre costumes. Na reta final, o foco foi o público de eleitores evangélicos, que de acordo com especialistas, tende a ser decisivo para o resultado do segundo turno, já que além do engajamento, alcança mais de 30% da população do país.
De acordo com a última Pesquisa Datafolha divulgada na quinta (19), Bolsonaro ampliou ainda mais sua liderança entre evangélicos, enquanto Lula permaneceu à frente entre católicos, que são mais numerosos. Na última semana, o presidente flutuou de 65% para 66% no primeiro grupo, que representa pouco mais de um quarto dos brasileiros, ao passo que o petista oscilou negativamente de 31% para 28%.
A diferença entre os dois candidatos variou de 34 para 38 pontos percentuais, dentro da margem de erro de quatro pontos do segmento, para mais ou para menos. O movimento preocupou a campanha petista, já que os evangélicos são um dos grupos mais atuantes politicamente na atualidade, tendo como base a luta por pautas conservadoras, como a defesa da vida, posições contra o aborto e as drogas.
Como resposta, a campanha petista divulgou uma carta no mesmo dia em que foi divulgada a DataFolha, durante encontro com representantes de igrejas simpáticos à sua candidatura, em São Paulo. No documento, Lula se diz contra o aborto, contrariando declarações anteriores dadas por ele, sinalizando que seria favorável. Seu projeto de governo, diz ele, “tem compromisso com a vida plena em todas as suas fases”, porque para ele “a vida é sagrada, obra das mãos do Criador”.
No mesmo evento, o petista chegou a rebater teses de que seria favorável à criação de “banheiros unissex”. A carta, no entanto, foi considerada tardia até por seus principais aliados. Para reforçar o gesto aos evangélicos, em entrevista ao ‘FlowPodcast’, esta semana, o petista repetiu declarações alinhadas com o grupo, como a de que é contra o aborto. Se vai surtir algum efeito, só o tempo dirá.
Enquanto isso, o atual presidente da República segue desfrutando do apoio que tem entre os maiores líderes e igrejas evangélicas em todo o país, sendo a principal delas, a Assembleia de Deus no Brasil. Apesar de sua diversidade, o grupo religioso aparentemente se uniu, politicamente, em torno de Bolsonaro. Membros pentecostais, tradicionais, como batistas e reformados, como os presbiterianos continuam engajados na campanha à reeleição do atual presidente.
Independentemente do resultado da eleição, no próximo dia 30, os evangélicos continuarão sendo decisivos nos assuntos mais cruciais discutidos em Brasília.
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