Associação de pastores da Paraíba repudia declaração de Lula sobre ‘responsabilizar’ igrejas por mortes de Covid-19; leia nota

Publicado por: Felipe Nunes em

Durante a campanha, Lula tentou diminuir a resistência dos evangélicos, mas aproximação é uma dúvida| Foto: Ricardo Stuckert/PT

A Associação de Pastores Evangélicos da Paraíba (APEP) repudiou, em nota divulgada nesta quarta-feira (30), uma declaração recente do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT),  que sugeriu “responsabilizar” igrejas pelas mortes causadas por Covid-19 no país. O documento, divulgado no Dia do Evangélico, também é assinado pelo Núcleo de Estudos em Política, Cidadania e Cosmovisão Cristã (NEPC3).

De acordo com a Folha de São Paulo, a declaração de Lula, que causou repercussão negativa no meio evangélico, ocorreu no último dia 24, em reunião com representantes da área da saúde. Ele afirmou que vai cobrar de lideranças evangélicas apoio às campanhas de vacinação e que pode responsabilizar as igrejas por mortes.

“Eu, pelo menos, pretendo procurar várias igrejas evangélicas e discutir com o chefe deles o seguinte: Qual é o comportamento de vocês nessa questão da vacina? Ou nós vamos responsabilizar vocês pelas mortes das pessoas” disse Lula em gravação repercutida na imprensa.

Na avaliação da APEP, “Trata-se de fala extremamente preconceituosa que estigmatiza um grupo social em específico, a saber, os evangélicos”. A organização lembrou que atualmente, conforme projeção do IBGE, o grupo já representa quase 1/3 da população brasileira. “Sendo assim, ameaçar pastores e líderes de igrejas evangélicas e, eventualmente, culpabiliza-los pelas mortes causadas por um vírus, constitui um flagrante ato de intolerância e perseguição religiosa, algo comum em regimes autoritários, não em democracias”, disse a entidade.

A nota tem a assinatura do presidente da APEP, pastor José Luciano de Paiva, e do advogado Rafael Durand, fundador do NEPC3.

“Cabe ressaltar, que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, à luz do Art. 5º, VI, VII, e do Art. 19, I, assegura uma ampla liberdade religiosa e um modelo de laicidade colaborativa, no qual o Estado não tem legitimidade para interferir no âmbito das organizações religiosas, tampouco para ameaçar os líderes religiosos acerca do que eles devam ou não falar ou fazer”, acrescenta a nota.

“Pelo contrário, a laicidade colaborativa proporciona a parceria voluntária entre Religião e Estado em prol do bem comum e do interesse público. Neste sentido, cabe relembrar o fato que diversas igrejas cederam, solidariamente, seus templos religiosas para municípios realizarem a vacinação contra a COVID-19 na população. Ademais, as igrejas, via de regra, foram as instituições que mais seguiram, rigorosamente, os protocolos sanitários durante a pandemia do coronavírus”, diz o documento.

“Isto posto, reiteramos que a fala do petista não tem nenhum fundamento fático ou jurídico e por essas razões rechaçamos esta e quaisquer outras ameaças aos direitos e garantias fundamentais no Estado brasileiro, especialmente no que diz respeito as liberdades de consciência, expressão e religião!”, finaliza a nota.

Os evangélicos estiveram no centro das atenções durante as eleições de 2022, com a maioria dos líderes desse grupo religioso apoiando o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL). Na campanha, Lula chegou a acenar para líderes evangélicos e organizou reuniões com pastores progressistas. Recentemente, porém, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann rechaçou pedidos de “desculpas” de lideranças do meio ao presidente eleito.

Clique aqui e leia a nota na íntegra

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