Superintendente dos Correios na Paraíba diz que reconhece eleição de Lula, nega renúncia e fala em ‘unir’ servidores

Publicado por: Felipe Nunes em

Jackson Silva, novo superintendente dos Correios na Paraíba / Foto: redes sociais

O novo superintendente dos Correios na Paraíba, Jackson Silva Henrique, negou nesta segunda-feira (30), em entrevista exclusiva ao blog Agenda Política, que tenha participado de atos em frente aos quartéis com o objetivo de contestar o resultado das eleições de outubro. O novo dirigente também negou que tenha a intenção de renunciar ao cargo. A nomeação dele como dirigente da empresa pública gerou críticas de setores da esquerda, que o ligaram ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Eu quero unir todos [os servidores] em prol de um objetivo comum, que é fortalecer a empresa”, disse Jackson Silva ao blog Agenda Política. Nas redes sociais, há fotos de Silva demonstrando apoio a Bolsonaro nas eleições de 2018, o que causou a irritação do Partido dos Trabalhadores (PT) e de aliados do presidente Lula da Silva (PT). Questionado, Jackson Silva disse que as fotos são de 2018 e que em 2022 ele não se posicionou publicamente sobre o pleito presidencial.

Jackson Silva é servidor público federal dos Correios desde 2013 e atualmente responde pela gerência regional de Campina Grande. “Vi tudo isso com muita surpresa por uma coisa que não aconteceu. Em 2022, mantive minha neutralidade, não me posicionei, nunca fui e nem cheguei perto dessas manifestações. Por que eu não iria reconhecer o resultado das eleições?”, questionou.

Perguntado pelo blog se tem a pretensão de renunciar ao cargo em meio às pressões, o novo superintendente disse que não há essa possibilidade. “Por que eu iria renunciar? Eu sou uma indicação técnica do ministério. Há um consenso, que não existe ataques à minha pessoa, mas há uma crítica por eu ter votado em Bolsonaro em 2018. Eu nunca participei de nenhum movimento nos quartéis, nunca deixei de conhecer o resultado das urnas”, enfatizou.

Indicação do União Brasil

O novo dirigente dos Correios na Paraíba teria sido nomeado a partir de uma indicação do União Brasil, que na Paraíba é presidido pelo senador Efraim Filho. Jackson Silva disse, no entanto, que a indicação de seu nome não tem viés político ou partidário. “Sou funcionário de carreira e tenho uma história nos Correios, desde 2013”, comentou. “Sou uma indicação técnica e ministerial. Nesse aspecto eu lhe digo, o ministério está sob o lastro do União Brasil, mas meu nome foi avaliado pelo quesito técnico, pois nem faço parte dos quadros do partido”, finalizou.

Sindicato se posiciona contra nomeação

Nesta terça-feira (31), haverá uma manifestação contra a nomeação de Jackson, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrados na Paraíba. Na semana passada, a entidade se posicionou contra a nomeação, alegando “desacordo com o perfil adequado para nova política vigente no país”. (LEIA A SEGUIR).

Diante da nomeação do Superintendente Estadual dos Correios na Paraíba – SE/PB em desacordo com o perfil adequado para nova política vigente no país, vimos por meio desta nota expor o que se segue:

Considerando que o Governo Lula foi eleito com o compromisso da defesa dos serviços públicos essenciais para toda a população brasileira, considerando que as estatais brasileiras, a exemplo dos Correios, são ferramentas importantes na prestação de relevantes serviços aos cidadãos e usuários de diversos setores da economia e da sociedade; considerando, por fim, que o Governo Lula deve nomear dirigentes para os Correios, no âmbito da SE/PB.

A diretoria do SINTECT/PB vem, perante os trabalhadores, as entidades sociais e os partidos de esquerda e signatárias da aliança vitoriosa nas eleições presidenciais de 2022, tornar pública sua posição norteada pelos pontos a seguir:

1. A diretoria do sindicato não compactua que gestores bolsonaristas assumam a gestão na direção dos Correios;

2. Que os gestores que assumirem cargos de direção nos Correios tenham compromisso em atender às reivindicações dos trabalhadores de melhorias das condições de trabalho;

3. Que os gestores que assumirem cargos tenham competência técnica e compromisso social.

A diretoria do sindicato lembra que, no passado recente, se empenhou, junto aos trabalhadores e entidades sindicais aliadas, na luta contra as privatizações da ECT e de quaisquer outras. Lembra ainda o apoio dessa união de forças à eleição do presidente Lula. Entende que o sindicato deve ter independência do governo Lula. Entretanto, o sindicato não pode deixar de alertar sobre eventuais nomeações para cargos de direção nos Correios; de inimigos da classe, que defenderam e defendem a privatização; além do fascismo e do fim da democracia no país.

Afirmamos que não pretendemos assumir nenhum cargo na direção da empresa, nem quer interferir nas indicações do Governo para cargos de gestão; porém os critérios acima mencionados devem fazer parte de um conjunto de qualidades mínimas que se espera na governança de uma empresa pública como os Correios.

DIRETORIA DO SINTECTPB

Agenda Política

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