Novos debates renovam fraturas internas no PT de João Pessoa

Publicado por: A redação em

Foto: Marcelo Júnior/ Agenda Política

Foto: Marcelo Júnior/ Agenda Política

O Partido dos trabalhadores de João Pessoa não parece tão pacificado quando deveria. Ao menos é isso o que nos indica a nova troca de farpas entre membros da sigla nesta semana. Toda a situação foi deflagrada após a decisão do candidato e deputado estadual, Luciano Cartaxo (PT), de participar da coletiva conjunta com os adversários Ruy Carneiro (Podemos) e Marcelo Queiroga (PL) realizada na manhã da última quarta-feira (11) em um hotel na orla da Capital.

No evento, os três candidatos de oposição se uniram para reverberar o que toda a Paraíba tomou conhecimento com a deflagração da operação Território Livre, da Polícia Federal. Os três candidatos pediram a queda do sigilo das informações da investigação, presença de tropas federais para garantir a segurança de candidatos em João Pessoa. Luciano e os outros candidatos presentes no evento também relataram para os presentes episódios em que relataram ter sofrido ameaças por parte do crime organizado enquanto buscavam fazer campanha em comunidades.

Luciano Cartaxo

Luciano falou com o Blog Agenda Política e explicou o que o motivou a participar da coletiva em conjunto com dois dos seus adversários do processo eleitoral. No momento o candidato fez questão de reforçar, assim como os seus adversários, de que o que se estava vendo ali não era uma aliança política entre os três.

O petista afirmou que o ato apenas representava um desejo os três para que as eleições em João Pessoa ocorram de forma limpa, sem influência do tráfico ou de outras organizações criminosas e garantindo que a segurança dos eleitores para que eles possam votar sem nenhum tipo de cabresto. “As pessoas querem participar das eleições não apenas votando, mas participando da campanha”, explicou o deputado. Luciano expressou o temor de que se torne uma tendência para eleições futuras de que aqueles que detém poder se unam a qualquer tipo de grupo para aliciar eleitores e lhes obrigar a apoiarem determinadas candidaturas.

Ricardo Coutinho

Na ocasião, a nossa reportagem também falou com o ex-governador da Paraíba e um os principais aliados de Cartaxo nesta campanha, Ricardo Coutinho (PT). “Creio que o momento atual é o momento mais difícil da história política da Paraíba. Estamos nos defrontando com uma aliança entre os poderes constituídos e o tráfico de drogas, através de suas organizações. Estas organizações estão fazendo negócios com o poder público de muitas formas. A contrapartida é garantir que ninguém que possa ameaçar o poder estabelecido entre numa cidade cheia de comunidades, com isso estou apontando que as maiores vítimas são as comunidades”, afirmou.

Ricardo criticou a falta de ação por parte das forças de segurança pública do estado para investigarem e coibirem este tipo de ação e questionou quais seriam as razões para esta inação. “É algo extremamente grave o que estamos vendo, o Rio de Janeiro começou assim”, concluiu o petista.

Jackson Macêdo

Quem reagiu à coletiva se mostrando muito contrariado foi o presidente do PT da Paraíba, Jackson Macêdo. O petista disse não ter acreditado no que viu. Classificou a coletiva como uma comédia. Mas de forma muito mais crítica, Jackson afirmou que o que se estaria vendo naquela reunião é a composição de um acordo político prévio para o segundo turno das eleições na Capital.

“Aliança política montada preliminarmente, com pitadas de rancor, ódio e perseguição ao projeto da centro-esquerda liderado pelo Governador João Azevedo em João Pessoa e em nosso Estado”, afirmou Jackson. O dirigente partidário afirma que os três candidatos firmaram, através do evento, um acordo de apoio mútuo para quem quer seja aquele que conseguir chegar ao segundo turno para disputar a prefeitura com Cícero Lucena. Jackson também criticou o fato de filiados ao PT terem aceitado se sentarem na mesma mesa que o ex-ministro da Saúe e candidato bolsonarisa, Marcelo Queiroga.

“Eu sei que nós filiados do partido ficamos com trauma de coletivas de imprensa convocadas às escondidas desde 2015. Todavia, fiquemos tranquilos, o verdadeiro PT não está nessa mesa!”, concluiu o presidente do PT-PB.

Luiz Couto

A resposta a Jackson foi feita por outro aliado de Luciano Cartaxo, o filiado histórico e deputado federal, Luiz Couto (PT). O parlamentar acusou Jackson de tentar distorcer os fatos com sua narrativa. Segundo ele, toda a coletiva foi feita tratando apenas sobre apenas a questão da segurança pública no pleito. “Ao criticar a coletiva com os candidatos, Macêdo ignora a verdadeira questão em debate: a necessidade urgente de enfrentar a situação evidenciada pelas operações da Polícia Federal, Mandare e Território Livre, que investigam a influência do tráfico e a violência eleitoral na Prefeitura de João Pessoa”, afirmou.

“A postura de Jackson Macedo reflete uma tentativa de desviar a atenção das verdadeiras questões que afetam João Pessoa. O presidente do PT e o partido de modo geral devem se unir para enfrentar os desafios reais da cidade, em vez de se engajar em campanhas de cores diferentes e em declarações públicas infundadas. Estamos a 20 dias de uma eleição que precisa ser limpa e democrática. Precisamos de celeridade nas investigações para garantir igualdade na disputa”, concluiu o deputado.

Histórico recente

As críticas de Jackson à postura de Luciano na coletiva reanimam as divisões internas que se criaram no Pt de João Pessoa durante as prévias partidárias para a definição de quem seria o candidato à Prefeitura da Capital. No período, enquanto Macêdo defendia que o PT se unisse ao projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena, Cida Ramos (PT) e Luciano Cartaxo disputavam o direito de representarem uma candidatura própria na cidade.

Cartaxo e Jackson trocaram diversas críticas por meio da imprensa durante este período, que foi vencido por Luciano com o apoio do ex-governador Ricardo Coutinho e do deputado Luiz Couto. Mesmo derrotado na disputa interna, o dirigente paraibano garantiu que não apoiaria a candidatura do partido na cidade e que se limitaria a votar na postulação do seu partido no dia 6 de outubro.

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