Duas semanas após o segundo turno das eleições presidenciais, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um terceiro mandato à frente da República, parece que não há sinais da esperada “normalidade” institucional, em que haveria uma relação republicana, dentre outros setores, com a imprensa. As agressões continuam ocorrendo, mas com pouca repercussão ou notas de solidariedade.
Jornalistas mulheres passaram a ser atacadas, nas redes sociais, por fazerem críticas embasadas e pontuais ao presidente eleito e a episódios constrangedores do novo governo, como a viagem de Lula ao Egito, para a COP27, em um avião de um empresário que foi preso na Operação Lava-Jato.
Uma das atingidas pela onda do chamado “ódio do bem” foi a jornalista Madeleine Lackso, de postura independente, com atuação no UOL. Nesta quarta-feira (16), nas redes sociais, ela denunciou a criação de perfis fakes, no Twitter, com o objetivo de atingir a honra de mulheres jornalistas que fazem uma cobertura crítica ao governo.
“Lula nem tomou posse e a normalidade voltou!!! Teve discurso internacional de estadista, problema com amigo, imprensa noticia, voltam a chamar jornalista de PIG, reclamam que foi noticiado, trolls MAVs xingam a mulherada. Normal”, escreveu.
Dois dias antes da eleição, a jornalista já havia denunciado ataques recorrentes do ex-deputado federal e ex-BBB Jean Wyllys, feitos através da internet. Num dos mais recentes ataques, ele chamou a jornalista de “sujeita”, e completou: “suas análises são ruins demais”.
Mais recentemente, a jornalista Eliane Cantanhede, da Globo News, foi duramente atacada, nas redes sociais, por fazer comentários sobre qual deve ser a conduta da primeira-dama, Janja, de acordo com a Constituição Federal. Não cabe à esposa de qualquer presidente participar diretamente de assuntos do governo. “Que lindo! Petistas e bolsonaristas unidos no xingamento!”, escreveu.
A jornalista Malu Gaspar, também da Globo, que também tem feito análises com independência profissional, foi igualmente atacada nas redes sociais. “Bendita normalidade. Já voltamos a ser chamados de PIG (Partido da Imprensa Golpista)”, escreveu.
A despeito da relação conturbada com o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), vale lembrar que, em épocas de governos petistas, a relação da imprensa com o governo e sua militância foi exaustiva e desgastante. Houve episódios de agressões a jornalistas e até depredação de afiliadas da TV Globo pelo país, incluindo o prédio da TV Cabo Branco, em João Pessoa, no ano de 2016.
Feita essa constatação, cabe, por fim, um questionamento: haverá manifestação de solidariedade das entidades representativas do jornalismo ou há uma intolerância a ser tolerada pelos próximos quatro anos?
Confira as publicações a seguir
Dúvida cruel entre o tipo de troll mais interessante.
Tem o que xinga de velha, vagabunda, cadelinha, sem alma, quase ser humano, faz observações sobre aparência e insinuações sexuais.
Tem o que banca o educado para explicar piada e simplificar intelectualmente.
Que opinam?
— Madeleine Lacsko (@madeleinelacsko) November 16, 2022
Lula nem tomou posse e a normalidade voltou!!!
Teve discurso internacional de estadista, problema com amigo, imprensa noticia, voltam a chamar jornalista de PIG, reclamam que foi noticiado, trolls MAVs xingam a mulherada. Normal.
Minha coluna no @UOL https://t.co/JDlyNc6lLi
— Madeleine Lacsko (@madeleinelacsko) November 16, 2022
Bendita normalidade. Já voltamos a ser chamados de PIG.
— Malu Gaspar (@malugaspar) November 11, 2022
Deixa de ressentimento, sujeita! @madeleinelacsko Você é um poço de rancor antipetista. Posou ao lado de agitadores fascistas e é citada na investigação sobre o gabinete do ódio. Suas “análises” são ruins demais.
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) October 28, 2022
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