Lula, o devoto das ditaduras – por J. R. Guzzo

Publicado por: Felipe Nunes em

O ex-presidente Lula, candidato das esquerdas brasileiras e mundiais à Presidência da República em 2022, tem um problema insolúvel com a democracia. Não resolveu em 40 anos de vida na política. Não vai resolver até o dia da eleição – e nem depois. O motivo para isso é o mais descomplicado que poderia haver. Lula não consegue se entender com a ideia de democracia porque, em primeiro lugar, não aceita a prática da liberdade individual, nem admite que alguém pense de modo diferente do seu – se pensar, é bandido safado de direita. Em segundo lugar, está claro, desde sempre, que o que ele gosta, mesmo, é de uma boa ditadura; é a favor, com devoção de beato, de todas as que estão por aí.

É uma ideia fixa. Lula não consegue ouvir a palavra “Cuba” sem fazer, na hora, um discurso de comício para explicar que todas as barbaridades do sistema, da repressão policial à calamidade permanente da economia, não existem – ou, se existem, não têm nada a ver com o governo. É sempre a mesma ladainha. Cuba precisa de “mais tempo” para resolver os seus problemas; não resolveu nenhum, em 60 anos de regime comunista, mas precisa de “tempo”. Oposição? Segundo Lula, ela não vai melhorar os índices de democracia de Cuba reclamando do governo. Repressão policial? Isso existe em todos os países do mundo, diz ele.

Mas nada se compara, em sua obsessão, com o “bloqueio americano”. Cuba, segundo Lula, não tem seringas para aplicar a vacina da covid por causa dos Estados Unidos, e não pela incompetência terminal do regime. É um dos países mais pobres do planeta, mas o seu sistema econômico e político está corretíssimo; a coisa só não deu certo porque os americanos não permitem. Fomos informados, também por Lula, que Cuba seria “uma Holanda” se os Estados Unidos tivessem deixado; em nenhum momento lhe passa pela cabeça que Cuba não é uma Holanda porque é governada de uma maneira que a impede, materialmente, de ser uma Holanda.

Se os Estados Unidos não querem vender (ou dar) seringas para Cuba, por que o governo não vai comprar de algum dos outros 200 países do mundo? É incompreensível, também, que em 60 anos de comunismo Cuba continue a depender da economia americana para tudo – se os Estados Unidos não compram nem vendem, o país não funciona. Já não teria dado tempo para Cuba, a inimiga número 1 do “imperialismo”, construir a sua independência econômica?

É a mesma conversa com Venezuela e Nicarágua – nenhum dos dois regimes tem culpa de nada que acontece por lá. Para Lula, governo ruim só existe no Brasil.

Por jornalista J. R. Guzzo, publicado originalmente em Estadão

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