Um levantamento realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), obtido a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), sobre rendimento de todas as fontes do ano de 2022, aponta que cerca de dez milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no Brasil no último ano. O estudo detalha as taxas de pobreza e extrema pobreza de cada estado nos anos de 2021 e 2022 e traz também a média nacional.
Segundo o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, o pesquisador e doutor em Geografia Pablo Lira, a pesquisa mostra que a taxa de pobreza brasileira reduziu de 38,2% para 33,0% entre 2021 e 2022. Com isso, 10,47 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no Brasil no último ano. No entanto, o número de pobres no País ainda é elevado, chegando a pouco mais de 70 milhões de indivíduos.
Para o cálculo das taxas, foram consideradas as linhas de pobreza e extrema pobreza estabelecidas pelo Banco Mundial, ou seja, US$ 6,85 per capita/dia e US$ 2,15 per capita/dia, respectivamente. Os valores foram convertidos pela Paridade de Poder de Compra (PPC/2017), que é um método alternativo à taxa de câmbio e leva em conta o valor demandado para adquirir a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada nação, em comparação com o mercado norte-americano. Assim, as referências mensais das linhas de pobreza e extrema pobreza tomadas como limites foram de R$ 665,02 e R$ 208,73, para valores de 2022.
A pesquisa mostra ainda que o número de brasileiros vivendo na extrema pobreza também diminuiu, recuando de 20,03 milhões, em 2021, para 13,72 milhões de indivíduos vivendo em condições de miséria, em 2022. Cerca de 6,3 milhões de pessoas saíram da extrema pobreza. A taxa de extrema pobreza foi de 6,4% nesse último ano.
Pablo Lira explica também que, em 2014, a taxa de miséria alcançou 5,5%, o menor nível da série histórica. Já em 2021, a taxa atingiu o maior patamar dos últimos dez anos, chegando a 9,4% da população brasileira.
Depois dos picos históricos registrados em 2021, as taxas de pobreza e extrema pobreza reduziram em 2022, quando ocorreu a expansão de Programas de Transferência Condicionada de Renda (PTCR). Além disso, foi observada uma melhoria no mercado de trabalho. Esses são alguns dos principais fatores que podem explicar o recuo da pobreza e miséria no País.
Ele completou apontando que, no plano nacional, foi observada uma melhoria nos indicadores do mercado de trabalho. “Uma evidência disso foi o recuo na taxa de desemprego de 13,2% em 2021 para 9,3% em 2022, segundo informações da PNAD/IBGE”, disse.
Pobreza nos estados
A pesquisa traz um dado alarmante. Das 27 Unidades da Federação (UFs) brasileiras, nove delas têm a maior parte da população composta por pessoas em situação de pobreza, a saber, Maranhão (58,9%), Amazonas (56,7%), Alagoas (56,2%), Paraíba (54,6%), Ceará (53,4%), Pernambuco (53,2%), Acre (52,9%), Bahia (51,6%) e Piauí (50,4%).
Além desses, outros seis estados computaram taxas de pobreza acima da média nacional (33,0%), sendo eles Amapá (49,4%), Pará (49,1%), Sergipe (47,9%), Roraima (46,8%), Rio Grande do Norte (46,2%) e Tocantins (35,8%), todos localizados nas regiões Nordeste e Norte. O estudo aponta ainda que as menores taxas foram contabilizadas no Rio Grande do Sul (18,2%), Distrito Federal (17,3%) e Santa Catarina (13,9%).
Quatorze UFs apresentaram taxas de extrema pobreza superiores à média do País (6,4%). As mais elevadas foram constatadas no Maranhão (15,9%), Acre (14,7%) e Alagoas (14,1%), índices acima dos valores observados em nações, como o Senegal (9,3%) e Honduras (12,7%), que enfrentam problemas sociais históricos.
A extrema pobreza se mostrou menor no Mato Grosso do Sul (2,8%), Distrito Federal (2,0%) e Santa Catarina (1,9%), contextos semelhantes aos de países como Peru (2,9%) e Sérvia (1,6%), porém mantendo certo distanciamento no espaço social de nações desenvolvidas como Estados Unidos (0,2%), Dinamarca (0,2%) e Noruega (0,2%).
Sobre o Instituto Jones dos Santos Neves
O Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) é uma autarquia governamental vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento (SEP), Governo do Estado do Espírito Santo. Com 47 anos de história, o IJSN é uma instituição de pesquisa que desenvolve estudos sociais, econômicos e territoriais, conjugando métodos científicos tradicionais, sofisticados e inovadores.
Agenda Política com informações do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).