Ainda não se sabe qual será o peso dos chamados ‘cabos eleitorais’ nas eleições deste ano, mas sua participação histórica na política nacional seguirá presente no pleito de outubro. Na Paraíba, a disputa pelo Senado tem se notabilizado não só pela disputa antecipada entre os principais pré-candidatos, mas também pelos apoios que todos os postulantes têm colecionado antes mesmo do início da campanha eleitoral.
Para conquistar o futuro apoio do eleitor, os pré-candidatos Bruno Roberto (PL), Sérgio Queiroz (PRTB), Efraim Filho (União), Aguinaldo Ribeiro (PP), Ricardo Coutinho (PT) e Rangel Júnior (PC do B) já buscam o diálogo com prefeitos, lideranças regionais, entidades e partidos políticos. Mas a maioria deles conta, também, com reforços vindos de Brasília, a Capital Federal que, no frigir dos ovos, funcionarão como verdadeiros cabos eleitorais.
Representando o campo bolsonarista, o pré-candidato Bruno Roberto, assessor da Presidência do Banco do Nordeste, tem como principal cabo eleitoral o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que no mês de março gravou um vídeo sinalizando apoio à postulação do PL na Paraíba. O material serviu como ‘abre alas’ desses apoiamentos.
A mensagem presidencial, inclusive, já era esperada e considerada natural, mas o vídeo gravado ainda na fase da pré-campanha, de forma antecipada em relação ao que geralmente ocorre em eleições estaduais, surpreendeu a conjuntura política paraibana. O suplente da chapa deve ser o assessor especial do presidente, Tércio Arnaud Tomaz, representando diretamente o Palácio do Planalto no pleito.
O material foi interpretado como um ‘recado’ para bolsonaristas locais sobre ‘um caminho a seguir’ em outubro. Além de Bolsonaro, o deputado federal Wellington Roberto, pai de Bruno, é um apoiador natural dessa postulação. A postulação de Bruno, entretanto, não está sozinha no campo da direita.
Sérgio Queiroz (PRTB) e lideranças evangélicas
Apesar do apoio presidencial, a direita marchará ‘dividida’ para as eleições, já que o procurador da Fazenda Nacional, Sérgio Queiroz (PRTB), lançou seu nome para a disputa em fevereiro deste ano, arrebanhando fatia importante do eleitorado evangélico. Embora não tenha o apoio de Bolsonaro, o pré-candidato segue defendendo as ideias do Palácio do Planalto e, conforme tem dito em entrevistas, votará em Bolsonaro em outubro.
Fontes ligadas ao pré-candidato do PRTB dizem que, no curso da campanha desse ano, lideranças evangélicas locais e algumas conhecidas nacionalmente devem aparecer para endossar o apoio ao pastor licenciado da igreja Cidade Viva. Há uma tendência natural, também, de que evangélicos se tornem uma espécie de cabo eleitoral dessa pré-candidatura ao longo do pleito.
Efraim Filho (União)
O deputado federal Efraim Filho, que lançou a pré-candidatura ao Senado ainda em 2021, também tem fortes apoiadores na Capital Federal. Sendo o 1º Secretário do União Brasil, o parlamentar conta com apoio da direção nacional da sigla, tendo sido alçado, recentemente, à Presidência do partido na Paraíba.
São entusiastas dessa pré-candidatura o secretário-geral da legenda, ACM Neto, e o presidente da agremiação, Luciano Bivar. Ambos têm garantido o espaço e a articulação necessária para a construção da futura candidatura. Sendo um nome de Centro, mas historicamente ligado a pautas mais à direita, até mesmo interlocutores ligados à Esplanada dos Ministérios têm demonstrado simpatia com o nome do paraibano.
Em âmbito local, Efraim Filho conta com a figura do pai, o ex-senador Efraim Morais, como sua principal referência.
Aguinaldo Ribeiro (PP)
O deputado federal Aguinaldo Ribeiro, pretenso candidato ao Senado pelo Progressistas, não fica atrás no quesito apoiadores ou cabos eleitorais. A postulação do parlamentar é tida como ‘prioridade’ da direção nacional do partido, que tem como presidente o ministro da Casa Civil do Governo Bolsonaro, Ciro Nogueira.
No último mês de março, Nogueira esteve na Paraíba, ocasião em que chancelou a vontade do partido em ter Aguinaldo como ocupante de uma cadeira no Senado a partir do próximo ano. O presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, já esteve reunido com Aguinaldo, em Brasília, reforçando o apoio.
Aguinaldo conta, também, com a força do PSD, partido da irmã Daniella Ribeiro, e com a experiência do pai, Enivaldo, ex-prefeito de Campina Grande, que também conta nesse processo.
Ricardo Coutinho (PT)
De volta aos quadros do PT, o ex-governador Ricardo Coutinho terá a seu favor a fala e a imagem do ex-presidente Lula em sua campanha para o Senado. Antes, porém, precisará vencer a barreira da inelegibilidade perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), coisa que a defesa do petista garante que conseguirá. Se obtiver êxito, Coutinho desfrutará de toda a estrutura do PT em sua campanha, com aval de Lula.
O ex-governador já participou de reuniões com o ex-presidente e com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, tendo todas as garantias do apoio irrestrito em sua postulação ao Senado. Levando em conta que o ex-presidente Lula ainda conta com uma expressiva votação na região Nordeste e na Paraíba, é um cabo eleitoral que turbina qualquer pré-candidatura alinhada ao petismo e às ideias que representa.
Rangel Júnior (PC do B)
Também no campo da esquerda, o pré-candidato do PC do B, professor Rangel Júnior, garante que a direção nacional do seu partido, em sua totalidade, apoia a iniciativa da pré-candidatura dele ao senado. O problema é que o partido aprovou, recentemente, uma federação com o PT e com o PV. Na avaliação de Júnior, isso não atrapalha em nada a postulação colocada em campo.
Segundo o pré-candidato, ex-reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é a própria presidente nacional Luciana Santos, vice-governadora do Pernambuco, quem está acompanhando as discussões com as forças políticas locais. Há também um Grupo de Trabalho eleitoral acompanhando a iniciativa. “Não há qualquer óbice legal ao meu nome nem qualquer tipo de rejeição política nas bases”, garantiu.
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