Com somente dois deputados paraibanos atuando no bloco oposicionista, a maioria dos integrantes da bancada federal da Paraíba ainda não mostrou a que veio quando o assunto é cobrar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) soluções para problemas que impactam a vida dos paraibanos ou para contestar equívocos em decisões do presidente da República.
O exemplo mais recente acontece com o decreto assinado por Lula, e publicado na última sexta-feira (28), no Diário Oficial da União (DOU), que bloqueia R$ 1,5 bilhão de dez ministérios do Governo Federal, afetando principalmente o Ministério da Saúde, que teve o maior bloqueio de verbas, de R$ 452 milhões, seguido pela Educação, com R$ 333 milhões.
Segundo o Governo Federal, o bloqueio não é definitivo e pode ser suspenso se a estimativa de gastos obrigatórios não se concretizar. A mesma justificativa utilizada pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que, diferente do que ocorre com Lula, sofreu severas críticas dos parlamentares paraibanos.
Vale lembrar que, no governo anterior, os deputados paraibanos subiam à tribuna para chamar o então ocupante do Palácio do Planalto de “inimigo da educação”, “negacionista” e “genocida”. A indignação, se exagerada em palavras, era justificada e tinha boa intenção: a defesa da preservação da educação e do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas, e agora, por que a postura dos parlamentares em defesa dessas pautas muda por que o presidente é um aliado? A atuação dos deputados que se colocam como “independentes” também é de se lamentar, já que até o momento não se viu uma manifestação pública de qualquer um com críticas aos bloqueios.
A inércia da bancada paraibana tem sido constante. Para se ter uma ideia, os deputados se mantiveram silentes durante longos 7 meses, enquanto no sertão a população local denunciava a paralisação do bombeamento das águas da Transposição do Rio São Francisco através do Eixo Norte. Somente na semana passada a gestão federal anunciou a retomada do funcionamento.
A bancada paraibana se mostra contraditória. Os governos mudam, os presidentes são trocados a cada quatro anos, mas a política também se faz de princípios, que deveriam guiar a postura de cada parlamentar na defesa daquilo que de fato acreditam, independentemente das circunstâncias.
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