A entrevista do presidente Jair Bolsonaro ao Sistema Arapuan, nesta segunda-feira (26), foi marcante, não só por ter sido a primeira vez que ele, desde que assumiu o cargo, falou diretamente à Paraíba para um veículo de comunicação no estado, mas também por suas manchetes nacionais e pelo que revelou nos bastidores.
Para além das declarações que ganharam todo o país, a postura do presidente por trás das Câmeras, longe dos holofotes dos telespectadores, também chamou a atenção, com algumas características que passam desapercebidas por quem acompanha apenas apenas o ‘Bolsonaro das manchetes’, sem observar o que está por trás delas.
Na Arapuan, Bolsonaro surpreendeu logo na chegada.
No primeiro contato com os jornalistas, o presidente fez questão de mostrar (com uma gargalhada) sua inseparável caneta bic, objeto com o qual anotou os principais pontos da entrevista conduzida por Bruno Pereira, Luiz Torres, Felipe Nunes e Fernando Braz.
Sorriu, quebrou o gelo, e emendou: ‘podem fazer qualquer pergunta, eu responderei todas’. Dissemos que seria assim mesmo, com perguntas claras e incisivas, ao que ele replicou: ‘fiquem à vontade’. E assim foi feito.
Questões reais, algumas delicadas, mas equilibradas, na medida certa do jornalismo e dos fatos: vacinação, economia, voto auditável, alianças políticas, relação com o vice-presidente. Perguntas que, depois das respostas, tornaram-se manchetes e ganharam o Brasil.
Na Arapuan, diga-se de passagem, Bolsonaro não reclamou de nenhuma pergunta. Com sua caneta bic, anotou num papel o valor da gasolina em algumas cidades do Nordeste, que já passa dos R$ 6, e culpou governadores pela cobrança de impostos sobre combustíveis. Prometeu trabalhar, via projeto de lei, para mudar a política de cobrança de ICMS pelos estados.
Também prometeu dobrar o valor do Bolsa Família, crucial para famílias nordestinas.
E como prometido no início, Bolsonaro respondeu a todas as perguntas. Com exceção de uma: não quis se aprofundar sobre sua relação política com um ex-aliado, o deputado federal Julian Lemos (PSL), por questões já bastante óbvias.
Nos bastidores, Bolsonaro demonstrou simpatia e revelou algo que muitas vezes fica ofuscado em meio ao turbilhão de manchetes e à polarização: a pessoa que há por trás do presidente, com seus defeitos e acertos, alegrias, dores e incômodos, um ser humano.
Felipe Nunes
Jornalista