Opinião: Damares Alves, uma voz (por vezes ignorada) em defesa das crianças no Brasil

Publicado por: Felipe Nunes em

Senadora Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Governo Federal / Foto: reprodução

Foi em tom de indignação que a senadora Damares Alves, do Republicanos do Distrito Federal, se manifestou, em vídeo gravado e divulgado nas redes sociais, nesta quarta-feira (05), contra o massacre que culminou com a morte de quatro crianças de 04 a 07 anos, em uma creche de Blumenau, no estado de Santa Catarina.

No vídeo, a parlamentar recém empossada colocou o gabinete à disposição de famílias, entidades e da sociedade para a elaboração de propostas que possam endurecer penas contra algozes de crianças. E cobrou a união de Poderes para o endurecimento das leis. O pronunciamento dela foi um entre centenas de declarações de políticos e de autoridades de todo o país que, com razão e consternados, lamentaram e pediram punição e mais rigor da lei contra agressores de crianças e adolescentes.

Mas esse triste episódio traz consigo uma reflexão: quantas são as autoridades que dedicam, de forma concreta, os seus respectivos mandatos ou campos de atuação na defesa da causa de crianças e de adolescentes? A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, por muitas vezes incompreendida, combatida e ignorada, talvez tenha sido a pessoa pública que mais tocou nesse assunto nos últimos anos no Brasil.

Enquanto auxiliar do Governo Federal, fez diversos e duros ataques contra agressores de crianças, incentivando e subsidiando com dados e informações, através da pasta que chefiava, operações e investigações contra pedófilos, violentadores e abusadores de crianças. Acompanhava de perto casos de violência. Encontrava-se com investigadores. Revelou que sofria ameaças pela forma como atuava.

Para citar um exemplo, em março do ano passado, pouco mais de um ano antes do massacre de Blumenau, ela fez um apelo. E pediu algo parecido com o que fez hoje: a união entre Executivo e Legislativo na promoção dos direitos da criança. “Não baixemos a guarda. Que nenhuma criança fique para trás. A redenção deste país passa pela primeira infância”, disse na época.

“Nossos desafios antigamente eram fome e desnutrição. O tempo passou e hoje os desafios são ainda maiores: lidamos com crimes cibernéticos, comércio de corpos e abusos de crianças. Recebemos todos os dias denúncias como estas no nosso Disque 100”, lamentou na época.

Mesmo com a atuação em torno da causa infantil, eventuais exageros em seus discursos ou polêmicas de menor importância eram o que mais se discutia nas redes sociais. A mensagem principal, na maioria das vezes, era ignorada. Discordando ou não de suas frases, a atual senadora representava, certamente, o sentimento de muitas famílias que buscavam Justiça.

Hoje, no Senado Federal, talvez seja ela a principal voz em defesa da pauta infantil. Se a proteção da criança e do adolescente fosse tão evidenciada e colocada em prática, a partir de um trabalho conjunto e do endurecimento das leis, talvez massacres como o de hoje fossem evitados. No Senado, ela terá a oportunidade de continuar levantando a bandeira infantil. Mas não há tempo a perder nem a lamentar. Que o Poder Executivo, o Congresso Nacional e o Poder Judiciário tratem o tema com a urgência que ele merece.

Agenda Política – Felipe Nunes

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