Prestes a se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, começa a reunir todas as credenciais para ser o pré-candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT) nas eleições desse ano, tese que deve se confirmar nas próximas semanas.
Afastando-se da postura anti-petista que marcou suas campanhas eletorais até 2018, o ex-tucano acena para a esquerda e já não utiliza mais o discurso de combate a corrupção e da ética na política, que parece ter ficado em segundo plano em nome de interesses um tanto duvidosos.
Desde que participou de jantar com Lula, em dezembro do ano passado, Alckmin mostrou que sua mudança era para valer. Se em 2018 acusava o PT de ser comandado de dentro de uma penitenciária, agora prega o esquecimento do passado, tal qual o buraco da memória da obra orwelliana: “Não importa se no passado (…) dissemos o que não deveríamos ter dito”.
Para completar a metamorfose ambulante, Alckmin entrou nesta quarta-feira (16) na lista dos políticos delatados. Segundo a Folha, “A Polícia Federal investiga um suposto pagamento de R$ 3 milhões em caixa 2 ao ex-governador Geraldo Alckmin. A afirmação sobre o caixa 2 foi feita em delação por Marcelino Rafart de Seras, ex-presidente da Ecovias, concessionária responsável pelo sistema Anchieta-Imigrantes —principal ligação da cidade de São Paulo com o litoral sul do estado”.
Levando em conta a presunção da inocência, é preciso aguardar as investigações. Alckmin informou que “Não conhece os termos da colaboração, mas sabe que a versão divulgada não é verdadeira”. Disse também que “As suas campanhas eleitorais jamais receberam doações ilegais ou não declaradas”.
De uma forma ou de outra, Alckmin está cada vez mais parecido com aquilo que dizia combater. E dessa forma se credencia para ser o candidato a vice na chapa do ex-presidente Lula, seu antigo adversário, a quem acusou em 2018 de ‘querer voltar à cena do crime’.
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