
O gesto do deputado Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, retirando a sua pré-candidatura ao governo do Estado e passando a somar com o projeto do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), foi saudado na base oficial como importante para reunificar o esquema e pacificar o seu próprio partido. Nas palavras do deputado federal Hugo Motta, dirigente do Republicanos, “o diálogo venceu mais uma vez”. Já o governador João Azevêdo (PSB) destacou que foi uma atitude que fortalece o projeto que vem transformando a realidade paraibana e demonstra compromisso com a unidade e por colocar o interesse coletivo acima de qualquer disputa. O desfecho ocorreu após reunião na Granja Santana com a presença de líderes do bloco governista. Adriano Galdino segue como pré-candidato à reeleição a deputado estadual, mas, além disso, seu papel cresceu de importância no núcleo da campanha para as eleições de 2026, com engajamento ativo nas decisões referentes a estratégias, alianças e atração de adesões na perspectiva de fortalecer a musculatura eleitoral situacionista no confronto com a oposição, que ora se divide entre as pré-candidaturas do prefeito Cícero Lucena (que vai se filiar ao MDB) e do senador Efraim Filho, líder do União Brasil. A firme decisão de Galdino de manifestar apoio a Lucas Ribeiro frustrou segmentos oposicionistas, que apostavam fichas em mais uma dissidência nas fileiras governistas, após a deserção do prefeito Cícero Lucena. Nesse ponto, Adriano foi extremamente coerente, já que nunca deixou de defender o projeto administrativo empalmado por João Azevêdo e sua continuidade como essencial para impulsionar o desenvolvimento do Estado.
Na prática, o interesse do presidente da Assembleia em ser ungido candidato ao Executivo traduziu projeto de autorrealização como corolário da sua trajetória de homem público proveniente de origens humildes, que venceu barreiras na elite política oligárquica estadual e se tornou protagonista no cenário de poder, presidindo o Legislativo com responsabilidade e método, facilitando a aprovação de matérias de interesse público e aproximando a Casa da sociedade. Adriano ganhou respeito e credibilidade nos segmentos sociais paraibanos pela autenticidade com que expõe seus pontos de vista e pelo cumprimento dos compromissos que assume. Isto o tornou um verdadeiro líder, mais do que dirigente de um colegiado parlamentar, e o credenciou a exercer interlocução privilegiada com as diferentes forças políticas do Estado, inclusive, abrindo canais com o Partido dos Trabalhadores, avançando mais do que a cúpula do seu partido no campo das posições políticas e ideológicas.
O processo de construção da sua pré-candidatura ao governo, porém, não encontrou receptividade maior por uma série de fatores, resumidos em fatos que já estavam consumados quando ele se colocou no páreo. Da parte do governador João Azevêdo já estava explícito o compromisso de apoiar o vice-governador Lucas Ribeiro, reforçado por decisão familiar dentro do PP. O Republicanos acostou-se a essa manifestação e respeitou, no dizer de Hugo Motta, o “tempo” de Adriano para se convencer da inviabilidade de concretizar o seu sonho em 2026. Galdino fez movimentos de aceno junto ao Partido dos Trabalhadores, onde foi aclamado após fazer defesa enfática do presidente Lula e do seu governo, mas a filiação do parlamentar ao PT nunca foi cogitada concretamente. O seu apoio, sim, na hipótese de sair candidato ao governo, pela possibilidade de abrir palanque para a campanha do presidente Lula à reeleição. O ex-governador Ricardo Coutinho chegou a afirmar que Adriano era o único pré-candidato lulista na Paraíba, e o deputado teve audiência com a ministra Gleisi Hoffmann, mas não conseguiu ser recebido pelo próprio presidente, às voltas com desafios de governo no plano nacional e internacional.
De resto, o palanque de apoio a Lula na Paraíba é múltiplo, já que o vice-governador Lucas Ribeiro nele se diz integrado, bem como o prefeito Cícero Lucena, que protagonizou encontro surpreendente com o ex-ministro José Dirceu, uma espécie de eminência parda do petismo e do governo Lula, enquanto na oposição estadual o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) é igualmente fechado com a candidatura petista. Adriano havia se dado um prazo até dezembro para tomar uma decisão sobre viabilidade ou não de sua candidatura ao governo, enfatizando que iria aguardar o desenrolar de pesquisas de intenção de voto para aferir suas chances reais na corrida. Preferiu se antecipar a essa definição, até porque não conseguiu ampliar redutos nem apoios efetivos a um projeto de pré-candidatura. O sonho, então, foi adiado, já que o próprio temperamento de Adriano faz antever futuras investidas para alcançar um desideratum que resolveu perseguir. Seu gesto de agora contribui para clarear melhor o cenário eleitoral que se desenha na Paraíba, consolidando as pretensões de Lucas Ribeiro, Cícero Lucena e Efraim Filho para o confronto das urnas.
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