O deputado federal Ruy Carneiro usou a tribuna da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (29), para criticar duramente o avanço do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode manter a nomeação de parentes em cargos políticos. O parlamentar classificou a medida como um equívoco profundo para a democracia brasileira e lembrou sua trajetória na Paraíba, onde iniciou uma luta histórica contra o nepotismo, quando ainda era deputado estadual.
“Essa é uma posição vergonhosa e antipedagógica. O Supremo está prestes a autorizar de vez algo que fere a lógica da ética pública e o sentimento de justiça da população. É inconcebível que, em pleno século 21, estejamos discutindo se um governador pode nomear o pai, a mãe ou o filho como secretário. Isso é retrocesso, não avanço”, afirmou Ruy.
Durante o discurso, ele recordou que sua atuação pioneira na Assembleia Legislativa da Paraíba, onde em 2006 foi pioneiro no debate sobre o tema. Na época, segundo Ruy, a luta contra o nepotismo ganhou o apoio popular e midiático, resultando em medidas concretas de moralização da administração pública.
O parlamentar destacou ainda que, após os avanços conquistados nos Estados e municípios, decisões pontuais de tribunais começaram a fragilizar o combate à prática.
“Primeiro o STF permitiu brechas ao considerar cargos de secretários como políticos. Agora, o STF ameaça consolidar esse erro, chancelando algo que vai contra todos os princípios republicanos. Nenhum país sério normaliza esse tipo de relação de poder dentro do Estado. É preciso corrigir o rumo antes que o dano seja irreversível”, alertou.
O julgamento no Supremo foi suspenso novamente nesta quarta-feira, dessa vez a pedido do ministro Luiz Fux. Na última semana, a Corte já havia formado maioria, pelo placar de 6 votos a 1, para manter entendimento que permite a nomeação de parentes em cargos considerados políticos pelo próprio STF.
Assessoria
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