Nesta semana tivemos a confirmação da eleição de Donald Trump. A garantia do retorno do ex-presidente à Casa Branca se deu de forma que podemos definir como apoteótica. As duas últimas eleições disputadas pelo republicano, tanto a vencida por ele contra a ex-senadora Hillary Clinton quanto a perdida em 2020 contra o atual presidente Joe Biden haviam apresentado números muito apertados, mas neste ano não houve em momento algum a dúvida de que Donald Trump não pudesse vencer a disputa.
Desde o início da contagem dos votos, o que se via era um grande número de condados favoráveis ao retorno do ex-chefe de Estado ao posto anteriormente perdido. Após a conclusão da contagem dos votos, o tradicional mapa da apuração mostrou um país tomado pelo vermelho do partido de Trump. A vitória acachapante do homem que em 2016 se tentou diminuir como se fosse um simples candidato folclórico por aqueles que tratavam sua candidatura como o devaneio tolo de um empresário afeito a holofotes demonstrou antes de tudo uma coisa muito simples, o mundo busca por figuras com coragem de apresentarem um discurso conservador e sincero, não importando quem seja o mensageiro, mas sim a sua mensagem.
Claro, que o carisma é um elemento muito importante para figuras políticas, não podemos negar que Donald Trump é uma das figuras políticas mais carismáticas que já vimos desde Winston Churchill e seus longos charutos. Como uma pessoa que já apresentou programas de televisão e fez participações em mais uma série de outros, o presidente eleito consegue sentir o cheiro do sucesso de longe.
Por isso mesmo que ele consegue articular jogadas de marketing e criar bordões com a facilidade que um pré-adolescente cria rimas indecentes para constranger seus colegas de escola. O MAGA ou Make America Great Again (Faça a América Grande Novamente) da sua primeira eleição em 2016 segue repercutindo e estampando bonés de seguidores para além do território dos 51 estados norte americanos. Eu já perdi as contas de quantas vezes vi a frase ser repensada para fortalecer alguma campanha de marketing ou simplesmente divulgar algum movimento.
Isso, pois como já sabemos há décadas na política, o carisma de um grande líder o permite atrair eleitores que muitas vezes não seriam chamados à ação por ideias. Ainda mais nos EUA, em que o voto não é obrigatório para a população, atrair a massa dos desinteressados é uma missão árdua. Diante deste cenário que no mundo moderno em que a realidade digital promovida pelas redes sociais se mistura com a nossa realidade analógica, é que a proliferação de bordões, frases de efeito, memes e mídias de impacto ganharam ainda mais importância.
Quem não se lembra da importância que as redes sociais tiveram para fortalecer a eleição de Javier Milei na Argentina? A eleição no nosso país vizinho, eu inclusive apontaria como sendo sempre um bom sinalizador para todo um ciclo de sentimento político que reverbera em todo o continente americano. Das duas vezes em que um candidato mais a direita venceu no país, Donald Trump também garantiu uma vitória nos EUA.
No Brasil tivemos a eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (2018) no mesmo ciclo político em que a Argentina deu a vitória ao engenheiro civil católico Maurício Macri (2015) e os EUA elegeram Trump pela primeira vez (2016). Claro que não busco agora fazer qualquer tipo de correlação e dar certeza de que o próximo presidente eleito do Brasil será um nome da direita, não sou futurólogo e nem tenho poderes paranormais, mas temos que entender padrões do passado para buscarmos ter alguma capacidade de nos prevenirmos para cenários de futuro iminente.
Justamente avaliando os cenários que percebemos que o Brasil vive hoje um cenário de descontentamento populacional com as políticas econômicas aplicadas pelo governo do presidente Lula em sua terceira gestão que o levam a ter níveis de desaprovação muito altos. Se analisarmos, para níveis de Brasil, o que temos em nosso país é algo muito semelhante ao encontrado por Javir Milei em sua eleição no ano passado e a Donald Trump no EUA neste ano. Assim como Joe Biden o nosso presidente da República é uma figura política envelhecida e que não representa mais a pujante vontade popular que ele já conseguiu movimentar até as urnas em momentos passados.
Podemos então fazer uma leitura de que a América de modo geral está passando por uma grande onda de conservadorismo. A nova eleição de Trump não é a crista dessa onda, pois ela não dá nenhum tipo de sinal de que irá quebrar e começar a sumir, muito pelo contrário. A onda direitista no continente, assim como um tsunami, vem crescendo, ganhando força e se espalhando cada vez mais. Um número cada vez maior de países latinos têm dado voz a candidatos conservadores e mesmo na Europa, do outro lado do Atlântico, movimentos conservadores têm ganhado importância suficiente para preocupar e gerar temor em lideranças políticas já estabelecidas. Resta saber qual será o impacto da onda conservadora no Brasil em 2026.