Não é brincadeira. Um grupo de apoiadores da ex-presidente Dilma Rousseff protestou contra a postura do ex-presidente Lula, que de olho nas eleições de 2022, resolveu jantar com caciques do MDB, na noite desta quarta-feira (06), na casa do ex-presidente do Senado, Eunício de Oliveira, em Brasília. Também estavam presentes o senador Veneziano Vital e sua mãe, Nilda Gondim.
Os petistas seguravam faixas pedindo que Lula assinasse o impeachment do presidente Bolsonaro e fosse para a rua. Eles gritavam que ele deveria respeitar a ex-presidente Dilma Rousseff. “Esses canalhas que o senhor janta hoje aí que golpearam a nossa democracia!”, gritaram. “Respeita a Dilma, Lula!”, disseram.
O encontro de Lula com os emedebistas não teria problemas se não tivesse acontecido depois de, reiteradas vezes, o ex-presidente ter chamado de ‘golpe’ o impeachment que tirou Dilma da Presidência e, consequentemente, acusado de ‘golpistas’ os que votaram pela saída de Rousseff do Palácio do Planalto. Lula, inclusive, utilizou tal palavra em entrevista recente ao jornal francês, Libération.
O episódio escancarou o ‘duplipensar’ de Lula sobre o tema. Muda-se de ideia, indisfarçadamente, a depender da ocasião, para alcançar um objetivo. Afinal, o ex-presidente ao se reunir com parlamentares que foram favoráveis ao impeachment, reune-se com golpistas?
George Orwell resume bem no clássico 1984 a postura de Lula com seu duplo pensamento: “O poder de manter duas crenças contraditórias na mente ao mesmo tempo, de contar mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas, e esquecer qualquer fato que tenha se tornado inconveniente”.
Ou, como disse a ex-presidente Dilma num discurso em 2018: “A gente fará aliança até com o diabo para combatê-los. Agora, tem que ter uma espinha dorsal. Tem que ter um coração. E o coração é antineoliberal e antiautoritário neofascista”.
Tudo é possível para se chegar ao Poder.