Corrida para o Senado: como fica a largada com Aguinaldo fora do páreo

Publicado por: Felipe Nunes em

A decisão do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP), de não se candidatar ao Senado nas eleições de outubro, como era esperado por muitos de seus aliados e apoiadores, reconfigura o pleito de outubro na Paraíba, com foco especial na corrida pelo Senado da República. Os paraibanos vão renovar um dos 3 assentos em Brasília, conforme a regra constitucional. A disputa, em tese, tem um concorrente “de peso” a menos.

Aguinaldo era visto como um dos favoritos dessa disputa, ao lado do deputado federal Efraim Filho (União). Eles polarizavam os debates, as declarações e as articulações sobre quem tinha mais apoios entre prefeitos. Aguinaldo, aliás, foi a causa do rompimento de Efraim Filho com o governador do Estado, João Azevêdo (PSB).

O senso comum diz que, em tese, a saída de Aguinaldo tornou a disputa mais fácil. A não ser que o cenário mude completamente, hoje o deputado Efraim Filho é o que parece ter mais capilaridade de apoios. Tendo entrado na disputa pré-eleitoral ainda no ano passado, o “foguete”, como costuma dizer o parlamentar, nesse momento, não tem um concorrente à altura, como era Aguinaldo.

Efraim Filho (União Brasil)

Além de, em tese, ter a maior quantidade de apoios declarados de prefeitos ao seu lado, o parlamentar federal também arregimenta o apoios de legendas importantes, a exemplo do Republicanos, que mesmo na base de João Azevêdo, não abre mão de apoiá-lo para o Senado. O pleito se assemelha, em certa medida, com as eleições de 2014, quando o então candidato José Maranhão (MDB) elegeu-se com votos de governistas e oposicionistas, tornando-se “unanimidade”.

Segundo o deputado, desde que Aguinaldo desistiu de entrar na corrida, ele já soma o apoio de mais 9 prefeitos, passando para 130 gestores que, segundo ele, confirmaram apoio ao seu nome.

Mas, como na corrida eleitoral, para além das retas, há muitas curvas, novos fatores podem surgir no caminho. Um deles é a elegibilidade do ex-governador Ricardo Coutinho. Hoje, dependendo de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista poderia surpreender na largada, já que em tese pode ser ajudado pelo apoio que recebe do ex-presidente Lula da Silva (PT), que ainda detém de uma força eleitoral considerável no estado. Em uma pesquisa divulgada no início do ano, ele liderava o pleito. Mas a pendência judicial é uma grande incógnita.

Bruno Roberto (PL) e Sérgio Queiroz (PRTB), os nomes da Direita

Não se pode esquecer que a direita vem forte para a disputa e a passagem do presidente Jair Bolsonaro, nesse fim de semana pela Paraíba, é a prova disso. Multidões o acompanharam, de forma surpreendente, o que demonstra a força política do mandatário no estado – apesar do histórico petista por aqui.

De um lado, o pré-candidato Bruno Roberto (PL) conta com o apoio e o aval direto da Presidência da República, tendo como primeiro suplente Tércio Arnaud, assessor especial do presidente. Será preciso aguardar o início do processo eleitoral para aferir o nível de transferência de votos do presidente para seu representante na corrida.

Há uma expectativa, nos bastidores, de que com a desistência de Aguinaldo, prefeitos que haviam declarado apoio ao parlamentar, possam migrar para a pré-candidatura de Bruno. O deputado federal Wellignton Roberto (PL), pai de Bruno, assim como Efraim, tem como uma das bandeiras, o municipalismo, isso é, o fortalecimento dos municípios a partir da descentralização de recursos federais.

Mas o time da direita está dividido. Parte da equipe conservadora apoia o pastor licenciado e pré-candidato do PRTB, Sérgio Queiroz, sobretudo uma fatia importante do eleitorado evangélico. Ex-secretário do Governo do presidente Jair Bolsonaro, o religioso é visto como um outsider com potencial de causar grandes surpresas.

Nos bastidores, é o principal ponto de interrogação de algumas campanhas ao Senado. O fator que, em tese, dificulta sua postulação, é a ausência de alianças com grandes partidos para a disputa. O PRTB marchará sozinho para as eleições de outubro. Mas tudo pode acontecer até lá.

Como resposta a essa divisão, Bruno Roberto, recentemente, resolveu chamar o pastor Isaac Venerando, da Assembleia de Deus, para ser seu segundo suplente na disputa.

PSOL e PC do B

Do lado mais esquerdo da disputa, o professor Rangel Júnior (PC do B) espera obter o apoio do governador João Azevêdo para o pleito, com a saída de Aguinaldo do páreo, tese que nos bastidores é vista como remota. Ex-reitor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), defende enfaticamente pautas da esquerda raiz contra o “conservadorismo”.

Outro que espera obter um “empurrãozinho” da esquerda é o Partido Socialismo e Liberdade da Paraíba (PSOL), que lançou a pré-candidatura do professor e advogado Alexandre Soares para presentar a legenda na disputa. O postulante tem dito que sua candidatura é a única verdadeiramente de esquerda.

Fazendo uma análise crua, entretanto, é notável que a estrutura partidária de ambos os postulantes, do PSOL e do PC do B, os colocam em desvantagem clara na pré-disposição de concorrem  ao Senado. É preciso rever as estratégias para tentar viabilizar uma boa posição.

Silvana Pilipenko (Brasil 35)

A paraibana Silvana Pilipenko, de 54 anos, é primeira mulher, pré-candidata, que resolveu entrar na disputa ao Senado em 2022. Ela estava desaparecida na Ucrânia e deixou o país durante a guerra contra a Rússia,  tendo sido lançada pelo Partido da Mulher Brasileira. A sigla mudou de nome recentemente para ‘Brasil 35’. O partido informou que o objetivo é apresentar uma ‘alternativa’ aos eleitores.

Moral da história…

Trocando em miúdos, enquanto Efraim Filho desfruta de uma vantagem que se vê na teoria, na prática todos entraram de cabeça, de forma antecipada, na disputa. Galgam espaços, buscam apoios e oportunidades, apegando-se à máxima de que na política as coisas mudam rapidamente. Com exceção de Efraim, a busca da maioria dos concorrentes, no entanto, ainda é pela viabilidade eleitoral.

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