Já se completaram seis meses desde que o presidente Lula (PT) voltou a governar o país, em seu terceiro mandato, após uma das eleições mais disputadas da história. Foi um período marcado por crises políticas prematuras e descompassos na economia e que, ao mesmo tempo, contou com a benevolência de uma lua de mel estendida com a imprensa brasileira. Com raras exceções, críticas carregadas de eufemismo.
Apesar dos percalços do novo governo, um fato curioso marcou esse período: o ex-presidente Jair Bolsonaro foi quem ocupou os maiores espaços midiáticos no que tange às notícias desgastantes, nas manchetes de jornais e nas escaladas dos telejornais, como se ainda fosse ele a estar no Poder, em Brasília, gerando crises para a governabilidade do país.
É certo que o fatídico episódio de 08 de janeiro, ocorrido no início do governo Lula, deu a sua parcela de contribuição para o tal fenômeno, mas este fato sozinho não explica o desinteresse de parte da imprensa em, de forma crítica, mostrar as contradições do governo petista, contraditar declarações autoritárias do presidente Lula ou contestar equívocos evidentes da pauta econômica.
Passaram-se seis meses sem que o governo Lula fosse devidamente cobrado por coisas como: ministra com supostas ligações com a milícia; gastos milionários com a compra de móveis e com a gastança em hotéis de luxo em viagens internacionais; volta desmedida de uso de voos da FAB por ministros da Esplanada; falas autoritárias do presidente, que agora “relativiza” a própria democracia.
Já pensaram se fosse o ex-presidente Jair Bolsonaro quem trouxesse para o Brasil um ditador e, na recepção ao déspota, uma jornalista da maior emissora do país levasse um soco no peito? Ou se fosse no governo de direita o pedido de partido governista solicitar uma concessão pública de televisão? Ou se fosse na gestão Bolsonaro a pressão política sobre o Banco Central?
Apenas para ficar em alguns exemplos.
Não restaria pedra sobre pedra que a imprensa não tivesse derrubado, se os fatos que ocorressem nos últimos seis meses fossem no governo Bolsonaro. Mesmo assim, o ex-presidente foi utilizado como espécie de “subterfúgio” que ocupou o espaço e tirou de evidência potenciais escândalos do governo petista. Com a inelegibilidade de Bolsonaro, será que Lula finalmente vai dominar as manchetes?
Pelo menos aqui,caro leitor, a informação é garantida. Enquanto houver democracia no Brasil.
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