O resultado das urnas na disputa pela Presidência da República, divulgado neste domingo (02.10.2022), pode ter marcado a sentença de morte dos institutos de pesquisa. Ou, num cenário menos “grave”, a desmoralização dessas empresas perante a opinião pública.
Se por uma falha metodológica repetitiva ou por motivações outras que o público não tem conhecimento, os erros se repetiram até a véspera do pleito, quando IPEC e Datafolha, tidos como as empresas de maior credibilidade no mercado, mostravam uma distância de 14 pontos de Lula da Silva (PT) para a Jair Bolsonaro (PT).
A distância apontada chegou a ser maior há semanas do pleito. A divergência, com potencial de ter influenciado o voto do eleitorado indeciso, repercutiu até na imprensa internacional, como no The Bew York Times, que escreveu nesta segunda (03): “Bolsonaro afirmava há meses que as pesquisas subestimavam seu apoio, usando seus enormes comícios como prova. No entanto, praticamente todas as pesquisas o mostraram atrás”.
Continuou o jornal: “No domingo, ficou claro que ele estava certo. Ele teve um desempenho melhor em todos os 27 estados do Brasil do que o Ipec, uma das maiores empresas de pesquisa do Brasil, havia previsto um dia antes da eleição, superando as projeções em pelo menos 8 pontos percentuais em 10 estados”, disse o jornal.
O grave erro não se resumiu à eleição presidencial, prejudicando eventualmente o resultado das urnas. Fracassou também ao aferir quem venceria em estados-chave para o pleito presidencial. Em São Paulo, Tarcísio Freitas saiu na frente de Fernando Haddad. No Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) venceu no primeiro turno, e em Minas Gerais, a distância foi bem menor do que apontavam os números.
Na disputa pela Presidência da República, vale destacar, a Paraná Pesquisas foi quem mais se aproximou do resultado, apontando uma diferença de 7,1 pontos na última rodada divulgada, ainda assim acima do resultado oficial, que ficou em cinco pontos (Lula com 48,43% e Bolsonaro com 43,20%).
Com sintomas de falta de credibilidade, os institutos de pesquisa cavaram sua própria cova e tendem a cair nela. A opinião pública pode fazer o papel de coveira.
Felipe Nunes