Eleições 2024: quem será o protagonista da centro-direita em João Pessoa?

Publicado por: Felipe Nunes em

Nomes da direita que surgem como opção para 2024 / Foto: Agenda Política

Com o aceno eleitoral e político do prefeito da Capital, Cícero Lucena (PP), em direção ao Partido dos Trabalhadores (PT), em busca do apoio de Lula (PT) para seu projeto de reeleição, possíveis candidatos do espectro político do centro e da direita já aparecem como opções de voto para o eleitor simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com levantamentos divulgados nacionalmente, a polarização eleitoral de 2022 se mantém no país, dividindo o eleitorado ao meio, entre esquerda e direita, fato que deve repercutir nas eleições do próximo ano, independentemente do desejo dos candidatos para que essa configuração se estabeleça.

Uma reportagem do Jornal o Globo, publicada no início deste mês, mostra que as articulações em andamento para as eleições municipais de 2024 apontam a resiliência de tal polarização, inclusive em João Pessoa, onde o cenário não poderia ser diferente.

Nesse contexto de discussão antecipada, mais do que meros pré-candidatos, alguns nomes se apresentam (ou assim são vistos) como solução para os problemas enfrentados pelo município, questões que têm sido o calo da atual gestão municipal, como a erosão da barreira do Cabo Branco e os já conhecidos problemas de mobilidade urbana que assolam a cidade.

Se o prefeito Cícero Lucena terá êxito no intento de se aproximar das esquerdas, obter o apoio de Lula e eliminar na largada eventuais adversários no campo progressista, isso é uma incógnita, mas o espaço da centro-direita já é disputado por alguns nomes lembrados como possíveis adversários do atual prefeito em 2024.

Os candidatos da direita

No campo da direita bolsonarista, o nome com maior projeção é o do comunicador Nilvan Ferreira (PL). Em entrevista ao programa Frente a Frente, da TV Arapuan, na segunda-feira passada, ele já confirmou que será candidato nas eleições de 2022.  Segundo ele, “não há como dizer não” para a cidade após a votação que ele obteve como postulante ao Governo do Estado em 2022.

O comunicador disputou a Prefeitura de João Pessoa pela primeira vez em 2020, quando perdeu o segundo turno para o atual prefeito. Ele ficou com 163.030 votos (46,84%), contra 185.055 votos (53,16%) do atual gestor. No ano passado, na disputa pelo Governo da Paraíba, ele recebeu 31,10% dos votos (131.187 votos), sendo o mais votado na Capital.

A estratégia do apresentador, além da crítica incisiva contra o atual prefeito em áreas como saúde, educação e infraestrutura, é manter acesa a chama do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem defende de forma enfática e com quem tem mantido contato constante para discutir a sucessão municipal.

Nilvan aposta na polarização e, em tese, torce para que Cícero esteja abraçado a Lula no pleito do ano que vem. Mas também aposta no desgaste da gestão, utilizando-se da influência que detém em parte significativa do eleitorado e redes sociais, onde mantém contato com uma legião de seguidores que acompanham e que com ele interagem diariamente.

Sérgio Queiroz

Ainda na ala ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, porém com maior autonomia no debate político, está o líder da Fundação Cidade Viva e ex-candidato ao Senado nas eleições de 2022, Sérgio Queiroz. Cotado como postulante à Prefeitura de João Pessoa em 2024, ele adotou o silêncio na seara política. Não quer misturar assuntos eclesiásticos com os temas partidários.

Sérgio Queiroz obteve 233.849 votos em 2022, o que equivale a 11,67% dos votos. Ele saiu do pleito como uma das principais forças políticas da direita na Capital, onde ficou com 106 mil votos. Tal capilaridade eleitoral, de forma natural, causa expectativas no eleitorado e, por tabela, na classe política. O que ele fará com esse patrimônio?

Ex-integrante do Governo Bolsonaro, ele tem no currículo ações em áreas como a criação do Auxílio Brasil e políticas de modernização do Estado. Embora ele não fale publicamente, aliados muito próximos apostam que ele será candidato no próximo ano. Para alguns interlocutores, é questão de tempo. Do tempo certo para falar e anunciar.

Apresentando-se como outsider, Sérgio Queiroz fez uma política praticamente silenciosa em 2022, sem direito a tempo de televisão para o guia eleitoral nem verbas vultosas para confecção de material gráfico, tendo uma votação considerada surpreendente, atribuída ao discurso contra práticas da política tradicional.

“Por hora o meu silêncio tem sido a minha mais importante ação política”, disse na última declaração ao blog Agenda Política ao ser questionado sobre o assunto.

De centro-direita

Prestes a voltar ao PSDB, o deputado federal Ruy Carneiro (PSC) rejeita rótulos de esquerda, direita e centro, mas suas posições são inquestionavelmente de um político de centro-direita. Também cotado para disputar a Prefeitura da Capital em 2024, foi reeleito deputado com 102.531 votos em outubro, sendo 22.212 votos em João Pessoa.

Há quatro anos, em 2020, quando participou da disputa, o parlamentar ficou em terceiro lugar com 59.730 votos, o que representa 16,37% dos votos válidos, segundo a Justiça Eleitoral, e por pouco não foi para o segundo turno, em uma ascenção meteórica na reta final daquela eleição contra Cícero.

O político está “embalado” nas críticas ao atual prefeito, como se desejasse polarizar com o pleito. Em entrevista ao Sistema Arapuan, na última sexta-feira (17), disse que pretende dialogar com todos, até com políticos de esquerda, também cotados para a disputa, como a deputada estadual Cida Ramos (PT). “A gestão de João Pessoa está focada no nepotismo e no jogo político e a nossa capital está precisando de prefeito”, criticou.

Ruy tem como ponto forte da atuação parlamentar a destinação de emendas para hospitais filantrópicos, sobretudo para unidades que atendem pacientes com câncer, mas suas posições no Congresso Nacional, em favor da austeridade econômica e da responsabilidade fiscal atraem o voto de direitistas do estado.

Outros nomes

Muito embora sejam os mais cotados para a disputa, os três citados buscam empreender conversas com duas das principais lideranças da direita pessoense: o deputado federal Cabo Gilberto (PL), o mais votado da Capital nas últimas eleições, com 58 mil votos, e o deputado estadual reeleito Wallber Virgolino (PL), que também obteve uma votação expressiva na Capital, 31 mil votos. Esses nomes, mesmo que não sejam candidatos, não ficarão de fora do debate, e aliás, serão decisivos.

Os dois têm dito que não pretendem disputar a gestão municipal, mas suas posições devem funcionar como “fiel da balança” da direita em caso de segundo turno. No caso de Wallber Virgolino, ele tem se inclinado a participar das eleições municipais em Cabedelo, enquanto o deputado Cabo Gilberto tem dito que pretende cumprir os quatro anos de deputado federal em Brasília.

Faltando ainda mais de um ano para o processo eleitoral, mais do que saber quem será o “herói” consagrado pela direita pessoense, a grande pergunta é: como essas lideranças, donas de grande influência eleitoral, conseguirão se unir para a disputa, se é que têm disposição para construir esse entendimento?

Agenda Política

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