PRF produziu relatórios em que Bolsonaro ou Lula tiveram votação acima de 70% em 2022; Cajazeiras aparece em lista, mostra representação da PF

Publicado por: Felipe Nunes em

Ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques / Foto: divulgação

A representação da Polícia Federal apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, cita um relatório produzido durante as eleições de 2022 que aponta a cidade de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, como uma das localidades monitoradas no pleito.

O documento foi tornado público por decisão do ministro Alexandre de Moraes, juntamente com a decisão que determinou o cumprimento de um mandado de prisão preventiva contra Silvinei, investigado sobre suposta interferência no segundo turno das eleições presidenciais.

Segundo a PF, os fatos investigados na operação “configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal Brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento a meios de transporte”, e outros supostos crimes.

As investigações tiveram como base o depoimento de Clebson Ferreira de Paula, que atuava como analista de Inteligência da Coordenação-Geral de Inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública, segundo quem, no decorrer de análises sobre dados eleitorais, foi solicitado impressões de listas dos municípios que concentrassem votação superior a 75% (setenta e cinto por cento) para ambos os candidatos que concorreriam ao segundo turno.

Imagem encontrada no celular de Marília Alencar, diretora de inteligência do MJSP/ Fonte: PF

A imagem com a identificação do município de Cajazeiras foi encontrada no celular da Policial Rodoviária Federal Marília Alencar, então diretora de inteligência do MJSP, que teria feito a solicitação para a confecção dos mapas.

“Foram identificadas três imagens armazenadas no celular de MARÍLIA que chamam atenção pelo conteúdo e dia de captura, 17/10/2022. A imagem IMG-20221017-WA0074.jpeg (hora de captura: 11h23) aparenta ser a foto de uma folha de papel com uma impressão de uma “tela” de Power BI, na qual aparece um painel com o título “CONCENTRAÇÃO MAIOR OU IGUAL A 75% – LULA”. Abaixo do título, há um mapa do Brasil e uma lista de municípios, trazendo uma tabela com cidades ordenadas, aparentemente, por ordem de concentração de votos no candidato “LULA””, diz trecho da representação.

Além de Cajazeiras, aparecem na lista as cidades: Crato (CE), Paulo Afonso (BA), Iguatu (CE), Parintins (AM) Candeias (BA), Serra Talhada (PE), Quixeramobim (CE), Canindé (CE), Casa Nova (BA), Araripina (PE), Santo Amaro (BA), Pesqueira (PE), Ouricuri (PE), Barreirinhas (MA), Icó (CE) e Euclides da Cunha (BA).

Os investigadores suspeitam que as imagens encontradas no celular de Marília foram levadas para uma reunião com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e que teria ocorrido uma fiscalização mais intensa da PRF nas cidades onde o então candidato Lula tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro.

No relatório, ao lado de cada cidade consta o nome do respectivo prefeito e o partido ao qual era filiado, incluindo o de Cajazeiras, José Aldemir (PP). Em depoimento à PF, a servidora Marília justificou que o objetivo era analisar a possível prática de compra de votos nessas cidades.

“Que a declarante solicitou, com base no BI anteriormente mencionado, ao servidor CLEBSON FERREIRA DE PAULA VIEIRA que confeccionasse um BI com o resultado das eleições, mencionando os resultados nos quais cada um dos dois candidatos a Presidente da República tiveram mais do que 75% de votos no primeiro turno, confrontando com os partidos políticos dos respectivos Prefeitos de cada município do Brasil inteiro, o que poderia caracterizar indicativo de compra de voto a depender do informe recebido”, afirma.

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