Especialista relaciona queda em mortes violentas ao acesso a armas de fogo e à mudança de paradigma do governo contra o crime

Publicado por: Felipe Nunes em

Escritor, palestrante e especialista em Segurança Pública, Bene Barbosa

Dados do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta quinta-feira (20), que apontam para o menor nível de mortes violentas no Brasil, podem estar ligados ao maior acesso da população civil às armas de fogo e à forma como os governantes encaram a criminalidade. A avaliação é do escritor, palestrante e especialista em Segurança Pública, Bene Barbosa.

A visão dele, minoritária na área da segurança pública, está sustentada em dados e em fatos divulgados no relatório. O levantamento aponta uma redução de 2,4% nos registros oficiais de mortes violentas intencionais ocorridas ao longo de 2022, em comparação com 2021, uma queda de 48,4 mil para 47,5 mil vítimas.

A Paraíba também registrou avanços, segundo o Anuário, sendo o 10º estado menos violento no país. Foram 1.036 mortes violentas intencionais notificadas em 2022 o que, em comparação com os últimos 10 anos, houve uma queda de 33,16% no indicador, já que no ano de 2012 foram registradas 1.540 mortes violentas intencionais.

“O dado é extremamente positivo para o Brasil, que viveu décadas de aumento no número de crimes violentos, em especial de homicídios. Chegamos a ter mais de 50 mil homicídios por ano, então temos que comemorar esse resultado. Isso se deve a uma mudança de paradigmas no que se refere à segurança pública no Brasil”, reforçou.

Acesso a armas de fogo

A queda no número de mortes violências ocorreu apesar do aumento sem precedentes no acesso da população às armas. No período de 2017 a 2022, na Paraíba, houve um impressionante aumento de 271,7%, passando de 6.815 registros em 2017 para 25.330 em 2022.

Essa tendência de alta não é exclusiva da Paraíba, mas sim um fenômeno nacional. Em todo o Brasil, a variação foi de 260%, onde a quantidade de registros saltou de 637.972 em 2017 para 2.300.178 em 2022. Esse aumento significativo levanta questionamentos sobre a segurança pública e o controle de armas de fogo em território nacional.

O que diz Bene Barbosa?

Defensor da autodefesa e do acesso responsável às armas de fogo, Bene Barbosa rebate a tese de especialistas que não veem relação entre as duas situações e que, pelo contrário, atribuem às armas um empecilho ao que poderia ser uma queda maior na criminalidade.

“Foram quatro anos de quedas consecutivas, então não se pode imaginar algo como um fato isolado. Temos 7 vezes mais armas e uma queda consistente no número de homicídios. Portanto, a ideia de que a maior liberação de armas, fatalmente, acarretaria no aumento na quantidade de homicídios, não se mostrou verdadeira”, disse o especialista.

Em relação à queda ocorrida na Paraíba e na Capital, João Pessoa, Bene Barbosa afirma que outro ponto a ser levado em conta é que a violência, nem sempre, está ligada à pobreza ou à vulnerabilidade social, e sim à falta de maior rigor da lei e à falta de impunidade.

“O crime é um preconceito muito grande contra as pessoas mais pobres. A criminalidade, na verdade, ela é fomentada e tem como combustível a impunidade, a certeza do criminoso que de alguma forma ele não vai ser punido ou não vai ser confrontado com seus crimes”, disse.

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