Acostumados com as discussões prematuras sobre a formação de chapas, que visam as disputas eleitorais que ocorrem a cada dois anos, os eleitores paraibanos se deparam, em 2022, com um ingrediente novo no processo eleitoral: a total ausência de parâmetros para as definições das alianças políticas. Trata-se de uma verdadeira mistura ideológica em execução.
Para entender esse cenário, basta dar uma passeada pelas redes sociais dos principais candidatos a deputado federal, estadual e até ao Senado que disputam esses cargos na Paraíba.
Se na Justiça Eleitoral eles estão registrados em uma coligação ou chapa majoritária, cumprindo uma burocracia da legislação, nas ruas a busca pelo voto transcende qualquer bandeira, divergência ou barreira partidária. Uma aquarela política jamais vista.
Se vê de tudo nas eleições de 2022 em âmbito estadual. Petistas, socialistas e conservadores andam juntos, seja no mesmo partido ou em alianças localizadas, em alguns municípios ou regiões, com o obetivo de ampliar suas votações. O projeto maior, que é a chapa majoritária, ficará esquecido, em nome do plano de eleger a si mesmo.
O fenômeno não tem lado. Em alguns casos, tudo depende do município onde o candidato está. Não é raro ver uma placa do candidato a deputado ou ao Senado junto ao candidato a governador ou à Presidência da República da chapa adversária. Quem organiza tudo é o prefeito da cidade. Cabe a ele explicar ao eleitor a cena dantesca.
É como se a política da Paraíba, de uma hora para outra, tivesse sido batida num grande liquidificador. Os partidos e os candidatos estão, literalmente, abraçados, misturados e afogados na busca pela eleição de si mesmos. Cada um por si, todos por ninguém.
Não se pode descartar, obviamente, que por força gravitacional, alguns postulantes se beneficiam desse processo por mérito. De forma até natural. Por fugir de polarizações e das “caixinhas” que às vezes a política tenta impor.
Mas esse é um fenômeno que está posto e que é cheio de contradições.
No guia eleitoral, ainda é possível ver as alianças sem essas misturas, mas quando se olha para as redes sociais e para o que acontece nas ruas e nos bastidores, a história é bem diferente.
Há um caldo eleitoral cujo gosto o eleitor tenta decifrar se é doce ou amargo. Se pode ser ingerido ou se será preciso usar a peneira antes da degustação.
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