Cícero e a batalha 3×1 que ele terá que enfrentar nas eleições deste ano – Por Anderson Costa

Publicado por: A redação em

Eleições de João Pessoa neste ano será marcada por três nomes fortes com discursos muito próximos em oposição à gestão de Cícero - Foto: Imagem gerada por IA/Bing Image Creator

Eleições de João Pessoa neste ano será marcada por três nomes fortes com discursos muito próximos em oposição à gestão de Cícero – Foto: Imagem gerada por IA/Bing Image Creator

O prefeito de João Pessoa terá um grande desafio para as eleições municipais deste ano. O debate realizado nesta semana já nos deu a tônica de como será a campanha até outubro. Cícero, enquanto candidato da situação terá que enfrentar três opositores, que apesar de candidaturas diversas parecem se unir quando o objetivo é atacar seu governo, que demonstram a todo o momento que estão estudando e mapeando o caminho que desejam trilhar para garantir que todos os passos dados sejam muito bem pensados e sempre que possível pousem sobre algum dos calos de sua atual gestão.  

Cícero já deixou claro e telegrafou quem é o candidato que de fato o preocupa para as eleições municipais deste ano. Trata-se do deputado estadual Luciano Cartaxo, o único capaz de dizer que já derrotou Cícero em uma disputa municipal e que além de ter governado a capital até um período ainda muito recente goza do apoio político de Ricardo Coutinho, figura que apesar de todas as opiniões divergentes que gera nos círculos políticos paraibanos sempre se manteve como a figura mitológica de um ex-prefeito que muito fez pela cidade após receber as chaves da capital justamente do caboclinho.  

A união destas duas figuras talvez seja o que realmente está tirando o sono de um Cícero que acreditou que voaria em céu de brigadeiro nas eleições deste ano por poder contar com o apoio do governo estadual, ter a grande maioria dos vereadores da Câmara de João Pessoa como seus aliados e ter bom trânsito até mesmo com o governo Lula, em Brasília.  

Mas, se alguém que está próximo de concluir o seu terceiro mandato à frente da prefeitura da capital puder aceitar a opinião deste jovem jornalista, que sequer era nascido quando Cícero foi eleito vice de Ronaldo Cunha Lima em 1990, vejo que o gestor erra ao menosprezar os riscos que podem nascer de dois adversários como Marcelo Queiroga e Ruy Carneiro   

A verdade é que o ex-ministro da Saúde e o deputado federal podem soar junto ao eleitorado cada vez mais descontente e desejoso por novidade na política como este ar fresco que se precisa respirar em uma João Pessoa que não para de crescer. Ruy na centro-direita e Queiroga como representante declarado da direita propõem discursos reformistas e favoráveis ao desenvolvimento econômico por meio do fortalecimento do empreendedorismo do cidadão comum, algo que cada vez mais tem agradado ao eleitor brasileiro.  

Cícero não ignore que nas eleições de 2022 o governador João Azevêdo, seu principal aliado, foi derrotado nos dois turnos da eleição por candidatos com discurso mais a direita que o dele. O mesmo eleitorado pessoense deu a Jair Bolsonaro a vitória na disputa presidencial. Não podemos ignorar esta nova guinada de pensamento do eleitorado da capital paraibana. Sérgio Queiroz, vice de Marcelo Queiroga, foi o candidato ao senado mais votado nesta cidade. 

Há que se entender que estes fatores se somam para mostrar que um Ruy Carneiro que chega com discurso afiado e real desejo de governar a cidade poderá ter as presas grandes o suficiente para abocanhar uma parcela do eleitorado que lhe garanta a vitória numa eleição tão disputada quanto a que se travará este ano.  

Marcelo Queiroga pode ser um novato na política, mas está longe de estar brincando de campanha. O médico cardiologista foi definitivamente convencido por Bolsonaro e outros aliados de que pode sair vitorioso destas eleições e se tornar o próximo homem a governar a terceira cidade mais antiga do Brasil.  

O médico está buscando afiar os dentes para ser mais um dos predadores desta disputa desde que veio de Brasília com uma missão dada por Bolsonaro e a primeira vitória que precisou garantir foi a interna no próprio PL. Dentro do partido o cardiologista não perdeu sequer um embate e nada para garantir mais confiança a um candidato do que uma plataforma erguida sobre uma série de vitórias preparatórias. 

Na realidade, na disputa deste ano, se eu estivesse na pele de Cícero Lucena eu tentaria até mesmo evitar piscar, pois de todos os lados que ele deixar vulneráveis poderá surgir um soco fatal de um adversário que já se considere como.derrotado.  

Quando criança eu gostava muito de assistir lutas de vale tudo, ou telecatch, como a modalidade se popularizou no Brasil. Eu achava impressionante a construção dos roteiros feitas pela produção norte-americana WWF para construir rivalidades. Em alguns momentos lembro que um indivíduo tinha de enfrentar dois, três ou mais adversários. Era fantástico ver aquele show.  

Mas apesar da beleza e da plasticidade do espetáculo, sempre havia uma certeza, o lutador designado para derrotar três teria que se desdobrar para garantir uma vitória sobre uma situação em que sempre estaria em clara desvantagem.  

Um pouco mais velho, já na minha adolescência comecei a praticar artes marciais, um dos desafios para graduar de faixa era realizar uma luta contra mais de um adversário por vez. Como lutador sempre considerei uma missão muito árdua, pois entendia que embora eu me preparasse para dar o meu melhor e avançar um nível no esporte praticado, meus adversários estavam igualmente preparados e com o único objetivo de me derrotarem. 

É para isso que Cícero tem de se atentar, ele não pode definir um adversário z ele não pode escolher um rival para este pleito. Embora Cartaxo seja um adversário perigoso, talvez o mais difícil dos três que se apresentam neste ano, são três pessoas prontas para nocautearem Cícero e garantirem o grande título.  

Tal qual um torneio de MMA, quem quiser se eleger prefeito em João Pessoa terá de derrotar três adversários numa mesma noite para garantir os louros. 

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