As eleições gerais de outubro devem contar com um ingrediente já conhecido do eleitor paraibano: o apoio de grandes lideranças nacionais aos pré-candidatos ao Governo do Estado e o aparecimento desses personagens no guia eleitoral deste ano.
O efeito dessa estratégia em 2022 ainda é desconhecida, mas a aposta nela está garantida e já visível antes mesmo da campanha propriamente dita, principalmente num cenário em que a polarização nacional domina o debate eleitoral em cada recanto do estado.
A pergunta que analistas políticos de forma geral fazem na fase de pré-campanha é: qual será o peso desses apoios sobre a decisão do eleitor no momento de escolher o seu candidato ao Palácio da Redenção? Ainda é cedo para traçar um prognóstico, mas já é possível vislumbrar um panorama no que tange aos apoios nacionais.
Veneziano Vital (MDB)
O senador Veneziano Vital do Rêgo, do MDB, deu a largada e conseguiu obter o apoio do ex-presidente Lula para sua postulação. Embora não tenha, ainda, um vídeo com a declaração de apoio do petista, Vital do Rêgo já deu evidências que reforçam esse apoio.
Lançado pré-candidato em fevereiro, com o apoio da direção estadual do PT, Veneziano tem participado com certa frequência de reuniões e encontros com Lula. No último dia 11 de março, esteve em um jantar na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), em Brasília. Lula e Veneziano pousaram para uma foto fazendo o “L” e o “V” dos seus nomes. Um gesto que diz muito.
A expectativa da campanha de Veneziano é que o apoio do ex-presidente, que ainda conta com considerável apoio em âmbito estadual, torne-se num fator de transferência de votos.
João Azevêdo (PSB)
O apoio de Lula a Veneziano, porém, pode não ser exclusivo na Paraíba. Isso porque fatia importante do PT defende um ‘palanque amplo’ para o ex-presidente, o que na visão desse agrupamento inclui o governador João Azevêdo (PSB), postulante à reeleição. Favorece esse entendimento a indicação de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, também socialista, como futuro candidato a vice na chapa petista.
Em entrevista à Rádio Arapuan FM, esta semana, o deputado federal Gervásio Maia prometeu que Azevêdo e João vão conversar durante o XV encontro nacional do PSB, a ser realizado na próxima semana, em Brasília, o que na avaliação dele demonstra um sentimento de convergência para a formação desse palanque Lula-João.
O governador, aliás, já conta com o aval do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que prometeu formar um ‘grande palanque Lula-João’ na Paraíba. A imagem de Geraldo Alckmin, vice de Lula, também é aguardada na campanha eleitoral de Azevêdo.
Adjany Simplício (PSOL)
No campo mais à esquerda, a pré-candidata Adjany Simplício tem o aval e a simpatia da direção nacional do seu partido, o PSOL. O presidente nacional da legenda, Juliano Medeiros, esteve na Paraíba, no mês de março, para reforçar o apoio à pré-candidatura da pedagoga e iniciar o processo de construção dessa postulação.
Em entrevista à Rádio Arapuan FM, na época, ele disse que, no que tange à política estadual, seria inviável o partido apoiar o atual governador pela proximidade do grupo socialista com partidos considerados por ele como “conservadores”, a exemplo do PP e do Republicanos. “Desse ponto de vista para nós fica inviável uma aliança”, disse ao reforçar que a pré-candidata do partido é Adjany Simplício.
Nilvan Ferreira (PL)
Pré-candidato do PL, o comunicador Nilvan Ferreira divulgou no dia 31 de março, em João Pessoa, um vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apoia sua pré-candidatura ao Governo do Estado e a do pré-candidato ao Senado, Bruno Roberto (PL). A gravação ocorreu em visita recente do apresentador à Brasília.
A divulgação do conteúdo ocorreu no dia em que Nilvan confirmou sua filiação ao Partido Liberal para disputar o Governo do Estado. Na gravação, Bolsonaro diz que é grato à Paraíba pelo apoio recebido e prometeu fazer uma nova viagem ao estado.
“Um dos estados que me deu amplo apoio no passado e eu tenho uma dívida de gratidão muito grande com esse estado. Um abraço a todos da Paraíba e brevemente estarei visitando todos vocês, se Deus quiser”, disse Bolsonaro.
Assessores presidenciais apostam num aumento de votos do presidente na região Nordeste em relação a 2018, o que na visão de aliados de Nilvan vai favorecê-lo na disputa governamental e, inclusive, levá-lo a um eventual segundo turno. A aposta é que o sentimento de polarização nacional vai “contaminar” positivamente o debate na Paraíba.
Pedro Cunha Lima (PSDB)
O deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB), por outro lado, tem feito um movimento diferenciado em relação aos apoios nacionais. Embora conte com o apoio natural de João Dória, escolhido do PSDB por meio de prévias para disputar o Palácio do Planalto, Pedro tem dito que o debate local deve ser prioridade de sua futura campanha.
Internamente, o apoio de Dória é uma questão ‘pacificada’ por aliados de Pedro, mas isso não é algo que deva ser destaque na campanha do tucano. “O importante é ter sintonia de todos os que estão ao nosso lado nesse projeto de Paraíba”, disse o deputado ao blog em declaração recente.
Em entrevistas concedidas à imprensa paraibana este ano, João Dória disse que ele e Pedro estão “alinhados” em âmbito estadual.
Lígia Feliciano (PDT)
A vice-governadora da Paraíba, Lígia Feliciano, perdeu essa semana o apoio da direção nacional do seu partido para ser pré-candidata ao Governo do Estado em outubro. O presidente do partido, Carlos Lupi, destituiu a família Feliciano do comando da legenda sob alegação de ‘abandono’ do partido. O advogado Marcos Ribeiro foi nomeado como presidente da Comissão Provisória da agremiação. Em entrevista ao autor do blog, ele não garantiu o espaço do partido para a postulação da vice-governadora.
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