Os fatos que não são contados de forma correta não prevalecem na memória coletiva, ainda mais diante da pressão do tempo e das narrativas contrárias. Desde o advento do maquiavelismo como matriz da política moderna, assistimos sucessivamente a verdade sendo suprimida em nome da conquista de poder. Essa estratégia é intrínseca ao materialismo dialético histórico — prisma marxista de ver o mundo — e serve como ferramenta para varrer para debaixo do tapete os próprios crimes, genocídios e destruição de liberdades. Assim, sem o conhecimento do passado, o ambiente social se torna propício para que as tragédias políticas se repitam.
Pergunte a um polonês que viveu sob o terror do nazismo e do comunismo de qual dos dois regimes genocidas ele tem mais medo, qual ele mais odeia e ainda qual precisa de um constante exercício de lembrança histórica para que não se repita. O comunismo na Polônia trouxe ao mundo um dos casos mais macabros de acobertamento da realidade em nome da psicopatia política: o Massacre de Katyn, floresta perto das vilas de Katyn e Gnezdovo, que vitimou mais de 22 mil pessoas, eliminadas sumariamente pelo Comissariado do Povo (NKVD). Covas gigantescas foram abertas para eliminar boa parte da intelectualidade polonesa, do alto oficialato e dos prisioneiros de guerra.
Mas esse genocídio, impossível de passar despercebido pela população à época, foi, ao longo do tempo, sendo encoberto através da repressão de consciência soviética e tratado como ato nazista. Os comunistas modificaram a história com narrativas falsas, repressão psicológica e técnicas de linguagem. Rapidamente, as gerações seguintes já davam como certo que esse atentado contra a humanidade teria sido uma ação nazista, não comunista. Katyn e outros casos importantes — como o da URSS tratada como parte da “solução” da Segunda Guerra, não do problema — invadem a história do Ocidente como ratazanas que roem a realidade a bel-prazer de quem comanda a narrativa histórica.
O comunismo e seus satélites sobrevivem assim ao tempo e aos fatos. Nada do que foi feito, por mais criminoso que fosse, é colocado na conta desse grupo político. No Brasil, as mesmas técnicas que foram usadas em Katyn são utilizadas para encobrir os crimes de partidos como o PT e de quadros autoritários como o seu candidato Lula. Por mais que, na história recente, tenhamos testemunhado a estratégia criminosa petista bem debaixo de nosso nariz, seus autores rapidamente invertem a verdade e, graças ao controle das narrativas em setores importantes da cultura, conseguem fazer com que a estratégia escape do escrutínio popular.
Milhares de jovens em salas de aulas são ensinados que a era petista foi o ápice da satisfação da vontade do povo pobre e que terminou vitimada pelos interesses de uma elite capitalista. Brasileiros que ligam a televisão e dão crédito à mídia de massas encontram nela um PT revigorado, um Lula revalidado e toda a agenda comportamental revolucionária já consagrada como regra absoluta. E sem contraponto, pois esse mesmo processo de reversão histórica esmaga e prende quem os denuncia e tenta expor os fatos verdadeiros, e ainda os cataloga como “teóricos da conspiração” para tirar sua credibilidade. Temos um claro exemplo disso também na Venezuela, cujos noticiários tratam como se o país não sofresse nas mãos do comunismo e sim de uma “crise humanitária”.
O looping infinito de “erros” da esquerda, escondidos para que tudo continuasse acontecendo da mesma forma, são a garantia de que o caos como método de conquista de poder vem dando certo com o passar dos tempos. E não podem nem ser chamados de erros, já que são intencionalmente repetidos e sempre obtêm o mesmo sucesso. É preciso entendermos isso para que possamos reagir. Uma sociedade que não ataca o problema em sua essência e segue caindo nos mesmos erros seguirá também sendo subjugada. Ao que parece querem empurrar todos para a vala que escondeu os mortos de Katyn. Os poloneses e os povos do leste europeu já sabem bem disso.
Por Felipe Cruz Pedri, secretário nacional de Audiovisual.
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