Triunvirato versus Queiroga: o panorama de uma direita autofágica para 2024

Publicado por: Felipe Nunes em

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), não precisou fazer muito para enfraquecer a oposição que disputará a eleição contra ele no pleito do ano que vem.

De um lado, a esquerda segue indefinida entre a tese de uma candidatura própria, como as do PT e do PSB, ou de apoio à reeleição do gestor. Do outro, uma direita autofágica, que luta contra si mesma, e que se enfraquece, um ano antes da eleição.

O panorama da direita é, pois, o que mais chama a atenção atualmente. Tendo se consagrado nas urnas em 2022, os principais nomes desse espectro político não conseguem se entender, como é o caso da queda de braços entre a direção municipal do Partido Liberal, na pessoa do deputado federal Cabo Gilberto, e do grupo liderado pelo deputado federal Wellington Roberto, que preside a legenda no estado.

Cabo Gilberto tem feito uma defesa enfática da tese de que o candidato a prefeito do partido seja uma escolha a partir da base, isto é, por nomes como ele, o mais votado para a Câmara Federal, pelo deputado estadual Wallber Virgolino, o mais votado para a Assembleia, e por Nilvan Ferreira, o candidato a governador mais votado da Capital. São argumentos legítimos.

Ocorre que, com base na mesma premissa, o grupo de Wellington Roberto não pretende abrir mão da prerrogativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, possam ter a última palavra nessa definição. É, de igual forma, um argumento que deve ser levado em conta, porque recorre à hierarquia, algo que no conservadorismo deve ser observado.

Para a alegria de Cícero Lucena, tanto Gilberto quanto Roberto não estão dispostos a encontrar o caminho do meio, da concordância e do equilíbrio. Pelo contrário, estão dispostos a partir direita ao meio para preservar seus interesses próprios. Consenso? É uma palavra que não se escreve nesse dicionário da direita bolsonarista de João Pessoa.

Guardando o silêncio, o ex-candidato ao Senado, o mais votado de João Pessoa, Sérgio Queiroz não dá indicações de que possa participar da disputa eleitoral do ano que vem, mas é cada vez mais cotado como possível cabo eleitoral de um nome do Centro, retirando ainda mais combustível de qualquer nome da direita que se coloque na disputa contra Cícero Lucena.

Pelos indicativos, a direita poderá deixar escapar pelas mãos um patrimônio eleitoral gigantesco, com a possibilidade de vencer a eleição, caso estivesse unida, e continuará na periferia do poder, em João Pessoa, protestando em redes sociais como o tik tok e o Instagram, contra o gestor que estiver de plantão administrando a cidade. Pelo que se nota, está conformada com o papel que lhe cabe: o de oposição.

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