Denúncia do MPF revela investimentos vultosos na Braiscompany às vésperas de iminente derrocada; veja nomes e valores

Publicado por: Felipe Nunes em

Antonio Neto, fundador e presidente da Braiscompany em palestra motivacional. Foto: Instagram.

A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra investigados da Braiscompany, que foi aceita pelo juiz da 4ª Vara da Justiça Federal da Paraíba, Vinicius Costa Vidor, revela que diversos investidores aplicaram valores na empresa gestora de criptoativos, com sede em Campina Grande, entre o final do ano passado e o início de 2023.

Na lista de investidores, há empresários, bancário, político, profissionais liberais, entre outros, que aplicaram recursos na empresa, na esperança de receberem lucros oriundos de locação de ativos digitais, na iminência da derrocada do grupo, que é investigado por supostos crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais.

A ação penal foi ajuizada em 27 de julho e, na decisão, o magistrado agendou provisoriamente as audiências de instrução para o mês de novembro. Com o recebimento da denúncia, os 13 denunciados tornaram-se réus, incluindo Antônio Neto Ais e Fabrícia Ais, donos da empresa, que seguem foragidos da Justiça desde o mês de fevereiro fevereiro.

A denúncia destaca a atuação de Clélio Cabral, um dos denunciados, que atuava como gerent select, nível mais alto na estrutura dos consultores (brokers), através de quem muitos investimentos foram firmados. Em dezembro do ano passado, quando a empresa começou a atrasar repasses para seus clientes, ele continuava firmando contratos.

Lista de investidores

Um dos que firmaram contratos com a empresa foi o presidente da Câmara de Campina Grande, José Marinaldo, no valor de R$ 30.011,75, em 30 de dezembro de 2022, tendo feito transferência para a conta pessoal do broker.

“Esse padrão de comportamento não foi adotado apenas na fase final da operação da empresa, sob a falsa justificativa de que a Binance criou travas para as transações, mas, na verdade, ao longo de toda a atuação de CLÉLIO CABRAL como consultor”, diz a denúncia.

Para citar outros exemplos de investidores que, no final das contas, foram vítimas da Braiscompany, A.A., diz a denúncia, celebrou contrato, em 29 de novembro de 2022, no valor de R$ 517.076,75, por intermédio de CLÉLIO CABRAL, mediante transferência bancária para a conta pessoal do consultor.

Em 07 de dezembro de 2022, o gerente bancário W.W. celebrou contrato  no valor de R$ 300.000,35 com o perador.

Ainda de acordo com a denúncia, o comunicador José Celino Neto celebrou contrato em 20 de julho do ano passado, no valor de R$ 300.047,36, por intermédio de CLÉLIO CABRAL, mediante transferências bancárias da conta da empresa de sua esposa para a conta do broker, além da entrega de R$ 30.000,00 em espécie.

“É evidente, portanto, que, muito antes do surgimento de qualquer alegação de travas da Binance, CLÉLIO CABRAL operava com ANTÔNIO NETO a integralização de contratos mediante transferências bancárias, cheques e depósitos, em descompasso com as regras contratuais e os termos de uso de locação dos ativos digitais da empresa”, diz trecho da denúncia.

Atualização às 16h36min do dia 11 de agosto de 2023: o blog optou por, livremente, abreviar os nomes das pessoas não públicas citadas na denúncia, deixando apenas os nomes de vítimas que já haviam exposto o golpe ou que são pessoas públicas e que, portanto, em alguma medida, suas informações são de interesse público.

Investigação

No dia 16 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou a Operação HALVING, com o objetivo de combater crimes contra o sistema financeiro e contra o mercado de capitais em tese cometidos por sócios da Braiscompany, especializada em criptoativos. Foram bloqueados, na época, aproximadamente R$ 15.300.000,00 (quinze milhões e trezentos mil reais) em contas de pessoas investigadas junto à Exchanges, onde os investimentos com criptmoedas são realizados.

No dia 24 de fevereiro, A Justiça Federal determinou, a pedido dos investigadores, as prisões preventivas de Antônio Inácio Silva Neto e de Fabrícia Farias Campos, proprietários da empresa, cujos nomes foram incluídos em difusão vermelha da Interpol.

A polícia ainda cumpriu novas diligências, em 18 de abril e em 18 de maio, nas operações Select I e Select II, com o avanço das investigações. A Polícia Federal investiga uma movimentação financeira de R$ 2 bilhões, nos últimos quatro anos, feita pela Braiscompany.

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