O desabafo do cantor Flávio José no palco do Maior São João do Mundo, em Campina Grande, reivindicando mais espaço para apresentar sua arte, ganhou repercussão nacional. O impacto das palavras de um dos maiores nomes da música regional representou o que milhares de nordestinos e paraibanos pensam.
“Se ficar alguma música do repertório que vocês estão pensando em ouvir e não vão ouvir, não é culpa minha. Eu não tenho um show pra sair daqui correndo pra fazer”, desabafou, após ouvir uma recomendação de que sua apresentação deveria durar apenas 1 hora e 10 minutos, em razão do tempo dedicado a outra atração.
A declaração de Flávio José tem razão de ser, afinal, foram o forró e a tradição envolvidas na cultura nordestina que deram combustível ao São João de Campina Grande. Os espaço dados aos cantores do sertanejo e de outras tendências, embora possam ser legítimos, não deveriam se tornar, em nenhum lugar, a atração principal, durante as festas juninas.
Ocorre que, a despeito do legítimo desabafo de Flávio José, o brilho dos 40 anos da maior festa junina do mundo não deve ser apagado. Pelo contrário, a evolução da estrutura e do modelo proposto na edição deste ano têm sido motivo de elogios.
Ontem, no mesmo dia do desabafo de Flávio, o cantor Alcymar Monteiro, em entrevista à TV Cabo Branco elogiou a festa, efusivamente.
“Campina Grande implantou um modelo de festa. É uma coisa planejada. Eu fiquei esse ano maravilhado com os 40 anos, com essa cenografia. Eu nunca vi em lugar nenhum. É uma prova que Campina Grande está na dianteira. E será sempre o Maior São João do Mundo”, disse.
Em termos de gestão, dizem autoridades, também houve evolução. No último dia 29, ao ser questionado sobre o “melhor formato” de uma festa para o São João, o procurador de contas do Tribunal de Contas do Estado, (TCE-PB), Dr. Bradson Camelo, disse, em entrevista à Rádio Arapuan FM, que o modelo adotado por Campina Grande em 2023 é o “ideal”, já que preserva o direito à festa gratuita e ao mesmo tempo propicia um retorno financeiro ao poder público.
Como se observa, a crítica e o desabafo de Flávio José devem ser encarados com seriedade e sensibilidade. É preciso corrigir eventuais falhas. É necessário, mais do que nunca, dar voz aos artistas da terra. Sem, contudo, deixar de reconhecer os avanços já conquistados, afinal, o Maior São João do Mundo deve evoluir, não retroceder nem ser destruído. Críticas e elogios cabem numa festa que, sabemos, é a maior do mundo.
Agenda Política – Felipe Nunes