O deputado federal Cabo Gilberto (PL) está correto quando diz que a esquerda é mais evoluída que a direita no Brasil em termos políticos e em amadurecimento partidário. A declaração do parlamentar, em entrevista ao programa Frente a Frente da TV Arapuan, na última segunda-feira (05), nada mais é do que uma constatação empírica da realidade dos fatos.
Quando se fala em “evolução” aqui, não se trata do mérito das pautas defendidas por ambos os espectros políticos, mas sobre a forma como cada um desses “lados” lida com o debate político e com as estratégias para alcançar o poder e preencher os espaços de influência social. Nesse ponto, a esquerda é bem mais evoluída, ousada e unida.
Prova disso são as discussões que acontecem nesse momento para as eleições de 2024 em João Pessoa. Tanto em partidos de esquerda como em legendas de direita há divergências sobre quem serão os candidatos e como eles serão escolhidos, mas somente na direita se vê os pretensos candidatos atacando uns aos outros e minando qualquer possibilidade de eventual composição no futuro.
Ocorre que, enquanto na esquerda se pensa em “projeto de poder político”, na direita, especialmente na paraibana, o foco são “projetos políticos pessoais”. De um lado, nomes da esquerda, como Cida Ramos, Luciano Cartaxo, Marcos Henriques e Estela Bezerra divergem entre si, mas são corteses e, certamente, estarão unidos em prol do projeto petista. Do outro lado, Wellington Roberto, Nilvan Ferreira e Wallber Virgolino e outros se engalfinham num espetáculo público de desagregação política.
Reflitamos, pois, na condição de leitores-eleitores. Quem passa a melhor impressão, uma esquerda que, mesmo na divergência e com suas pautas por vezes assustadoras para o eleitorado conservador, mantém-se organizada, ou uma direita que bate-cabeça e não sabe o que quer, mesmo defendendo pautas que, empiricamente e historicamente, são mais factíveis e corretas do que às ideias progressistas?
Por uma questão de sobrevivência e de manutenção de sua força política, a direita precisa evoluir, como sugeriu o Cabo Gilberto. Ele está no pacote. A direita precisa aprender a fazer política pensando a longo prazo, e não somente no ano que vem. Precisa sair do tik tok e ir para as universidades. Para os meios de comunicação. E se qualificar mais. Participar do debate político com ousadia, mas sem deixar de lado o respeito entre seus protagonistas, o pragmatismo e a inteligência. O eleitorado conservador e o conservadorismo histórico agradecem.
Agenda Política – Felipe Nunes